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Mais de 9 mil raios caíram no Rio durante temporal que matou 4 pessoas

De acordo com o Inpe, 9.079 raios caíram no Estado entre 18h e 0h desta terça-feira - Marcelo Piu/Agência O Globo
De acordo com o Inpe, 9.079 raios caíram no Estado entre 18h e 0h desta terça-feira Imagem: Marcelo Piu/Agência O Globo

Do UOL, no Rio

06/03/2013 13h10Atualizada em 06/03/2013 15h56

A forte chuva que atingiu o Rio de Janeiro nesta terça-feira (5) fez com que 9.079 raios caíssem no Estado das 18h às 24h, dos quais 2.149 apenas na capital fluminense, segundo relatório do ELAT/Inpe (Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

De acordo com o Inpe, em 2013, ontem foi o dia no qual caíram mais raios no território fluminense e na cidade do Rio. Os dados referentes à capital fluminense são considerados, segundo o instituto, "acima do normal". Na zona sul, descargas elétricas deixaram duas vítimas fatais --outras duas pessoas morreram em outras circunstâncias durante o temporal.

Desde o início de janeiro, as chuvas de verão já provocaram a queda de 5.232 raios na cidade do Rio --3.840 a mais em relação ao mesmo período do ano passado (aumento de 36,2%). Segundo a Prefeitura do Rio de Janeiro, a quantidade de chuva que caiu sobre a cidade na noite desta terça-feira (5) seria equivalente a 70% do esperado para todo o mês de março.

Feridos

Dois idosos tiveram ferimentos leves depois que uma marquise despencou na Tijuca, na zona norte do Rio de Janeiro, em decorrência do temporal que parou a cidade e provocou a morte de quatro pessoas --uma vítima segue desaparecida.

Conceição Pereira da Silva, 65, e um homem identificado apenas como Sebastião foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros e encaminhados ao hospital municipal Souza Aguiar, no centro. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde e de Defesa Civil, a idosa já recebeu alta.

Sebastião, por sua vez, permanece hospitalizado, porém não em função dos ferimentos causados pela queda da marquise. Na versão da secretaria, os médicos acabaram descobrindo outros problemas clínicos durante uma bateria de exames.

A região da Tijuca foi uma das mais castigadas pela forte chuva que surpreendeu cariocas e fluminenses na noite de ontem. Segundo o Corpo de Bombeiros, foram registradas 15 ocorrências. A praça mais famosa, Saens Pena, ficou totalmente alagada, assim como as principais vias da região.

As três estações de metrô situadas na Tijuca --Saens Pena, São Francisco Xavier e Afonso Pena-- foram fechadas pela concessionária MetrôRio por conta de problemas como alagamento dos trilhos e interrupção do fornecimento de energia elétrica.

A queda de árvores e a forte ventania, que espalhou objetos e lixo pelas ruas, alterou o tráfego do metrô da Pavuna, que passou a ser feito com transferência no ramal Estácio, na Linha 2, na zona norte.

Por volta das 1h, as estações foram reabertas e funcionaram até a Estação Siqueira Campos até às 2h. O sistema reabriu hoje às 5h, sem problemas, com todas as linhas funcionando normalmente.

Moradores gravam caos que enfrentaram com temporal no Rio

De acordo com a Defesa Civil Estadual, as vítimas fatais do temporal foram João Maia, 63, atingido pela queda de um muro em Belford Roxo, região metropolitana, duas mulheres eletrocutadas, no Catete, zona sul do Rio de Janeiro, e um homem que teve um mal súbito em Jacarepaguá, zona oeste. Um rapaz de 14 anos está desaparecido na zona norte, depois de ter sido levado pela enxurrada.

A chuva causou transtornos em toda a cidade, deixando diversos bairros alagados, ruas submersas e vários bairros sem luz. No centro da cidade, a bibliotecária Raquel Leal, que mora no Méier, zona norte do Rio de Janeiro, foi obrigada a se refugiar dentro de uma lanchonete na avenida Rio Branco, onde esperou por mais de uma hora a chuva passar.

Segundo ela, a calçada ficou alagada, impedindo as pessoas de saírem. Quando a tempestade passou, ela esperou por mais de uma hora e meia o ônibus chegar e desistiu.

"A água entrou no primeiro andar e todo mundo subiu para o segundo. Lá de cima, vi uma menina sendo assaltada por pivetes, o lixo tomando a rua. Foi um caos. Consegui ir até o ponto, esperei o ônibus, com mais cinquenta, setenta pessoas e desisti, porque ouvi no rádio que a praça da Bandeira estava completamente alagada. Resolvi pegar o metrô e dormir na casa de uma amiga em Laranjeiras", conta ela.

Na zona sul, o estudante Gabriel Amado, que saía da faculdade na Gávea, andou até o Leblon para pegar um ônibus em direção ao Flamengo. A linha que passaria pelo Jardim Botânico mudou a rota, por causa do alagamento na principal rua do bairro, e seguiu pela Lagoa Rodrigo de Freitas. Em um trajeto que costuma demorar 40 minutos, ele ficou mais duas horas e meia preso no trânsito.

A previsão para hoje é chuva forte na capital, no sul do Estado e na região metropolitana do Rio, segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Doze bairros sem luz

De acordo com a Light, concessionária responsável pelo fornecimento de energia elétrica no Rio de Janeiro, as fortes chuvas e ventanias ocasionaram a queda de galhos, árvores inteiras e objetos sobre a rede elétrica.

A companhia informou que equipes da empresa estão trabalhando para restabelecer o fornecimento de energia para trechos de bairros como Jardim Botânico e Botafogo, na zona sul; Campo Grande, Santa Cruz e Jacarepaguá, na zona oeste; Tijuca, Ilha do Governador, Pavuna, Penha e Méier, na zona norte; Santa Teresa e Catumbi, no centro. Na região metropolitana, bairros de bairros dos municípios de Duque de Caxias, Mesquita, Nova Iguaçu, Itaguaí, Belford Roxo, Queimados e São João de Meriti ainda estão sem luz.

Sirenes

A Defesa Civil acionou o sistema de sirenes de alerta em mais de 20 comunidades da capital. As sirenes são acionadas quando chove mais de 40 mm em uma hora e, consequentemente, aumentam os riscos de deslizamentos de encostas. Os moradores foram orientados por agentes comunitários e representantes da Defesa Civil a buscar abrigo em pontos de apoio.

A região da Tijuca foi uma das que mais sofreram com a chuva. Em apenas uma hora, entre as 19h45 e as 20h45, choveu 86,2 mm, mais de 70% do esperado para todo o mês de março.

O município entrou em estágio de alerta, o terceiro nível mais grave em uma escala de quatro, às 20h05, nas bacias da Baía de Guanabara, que compreende os bairros do centro, da zona norte e Ilha do Governador, da zona sul e de Jacarepaguá, que engloba os bairros da Barra da Tijuca, do Recreio dos Bandeirantes e de Jacarepaguá. A Defesa Civil retornou ao estágio de vigilância (o primeiro nível) ainda de madrugada. (Com Agência Brasil)