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Sobe para 27 o número de mortos após temporal em Petrópolis (RJ)

Casa desabou no bairro Quitandinha, em Petrópolis, com as chuvas que atingem a cidade na região serrana do Rio - Zulmair Rocha/UOL
Casa desabou no bairro Quitandinha, em Petrópolis, com as chuvas que atingem a cidade na região serrana do Rio Imagem: Zulmair Rocha/UOL

Julia Affonso

Do UOL, no Rio

19/03/2013 08h20Atualizada em 19/03/2013 18h20

Subiu para 27 o número de vítimas fatais após deslizamentos de terra causada pelo temporal que atingiu o Estado do Rio de Janeiro entre domingo (17) e segunda-feira (18), segundo informações divulgadas pelo Corpo de Bombeiros nesta terça (19).

A localização da 27ª vítima foi confirmada no início desta noite pelo secretário estadual de Defesa Civil e comandante-geral do Corpo de Bombeiros, coronel Sérgio Simões, em entrevista à "Globo News".

A região mais afetada do Estado foi Petrópolis, que teve 21 pontos de escorregamento ou alagamento. Segundo a Defesa Civil Estadual, as vítimas foram encontradas nos bairros Quitandinha (5), Doutor Thouzet (1), Alagoas (2), Lagoinha (1), Bingen (4), Independência (5) e duas pessoas morreram no hospital. Não foi divulgada a localização das oito mortes mais recentes.

O secretário estadual de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões, estima que entre dez e 15 pessoas ainda estejam soterradas pela avalanche de lama que destruiu pelo menos três casas no fim da noite de domingo. "O trabalho aqui está muito difícil porque o terreno está enlameado. Até os cães farejadores afundam na lama e como o terreno ainda está encharcado há risco de novos deslizamentos", disse.

Veja as cidades afetadas pelas chuvas no Rio e em São Paulo

  • Arte/UOL

Buscas

Parentes de desaparecidos continuam a acompanhar as buscas. O zelador Davi Ventura Fernandes, 48, está desde a manhã de segunda-feira no local, em busca de informações do irmão, Pedro Ventura Fernandes, 45, da mulher dele, Cristina, 44, e dos dois filhos do casal, Nicolas, 8, e Letícia, 4.

"Eu soube da tragédia quando saí do trabalho, às 7h de segunda-feira. Vim direto para cá, mas a viela que levava até a casa do meu irmão está interditada pelos Bombeiros. Sei que eles estão lutando bastante, mas até agora não conseguimos nada. Hoje eu vim de botas para ajudar nas buscas. Meu irmão sofreu muito para construir a casinha dele. Carregou na mão as pedras e os tijolos, morro acima. Ele se preocupou em fazer a contenção de uma encosta próxima e fez os pilares da casa direitinho, mas não adiantou. Somos nascidos em Santa Maria Madalena (no interior do Estado) e viemos para Petrópolis há mais de 20 anos para conseguir uma vida melhor", disse Fernandes, que também trouxe outro irmão, José, para ajudar a encontrar Pedro e sua família.


Em outra casa que desabou, vizinhos contam que havia oito crianças, que participavam de uma festa de aniversário da mãe delas, Maria Cristina Bender. Jesus dos Reis Neves, pai de um dos meninos, Luís Fernando Mendes, 16, também está desde segunda-feira à espera do resgate. Ele chegou a cavar um barranco com as mãos à procura do menino, quando os bombeiros interromperam as buscas. Mas foi retirado do local, por motivos de segurança.

"Vamos tentar chegar ao local do desabamento pela parte de baixo, pela rodovia (BR-040). Vou procurar meu filho com a ajuda de moradores antigos, já que por aqui, na parte de cima, os bombeiros não estão nos deixando ajudar", afirmou.

 

Além da Vila São Joaquim, bombeiros fazem buscas no bairro Alto Independência, onde também há informações de desaparecidos. Cerca de 250 bombeiros participam do trabalho, sendo 130 do Quartel de Petrópolis e 120 especialistas em busca e salvamento, que vieram do Rio de Janeiro.

Desabrigados

A Prefeitura de Petrópolis informou na tarde desta terça que 1.463 pessoas --366 famílias-- foram abrigadas em 27 pontos de apoio após o temporal. O prefeito Rubens Bomtempo afirmou na segunda-feira que ainda há cerca de 5.000 famílias morando em áreas de risco na cidade. Mas, por enquanto, a prefeitura só prevê retirar e realocar 164 delas. O trabalho total de remoção só deve ser concluído no prazo de três anos.

"Estamos em um processo de licitação. Se der tudo certo, vamos começar o mais rápido possível. Mas é obra para três anos, porque são áreas de difícil acesso e que envolve um processo social. Não é nada fácil", disse.

Mais chuva

A previsão do tempo é de chuva fraca a moderada intermitente em todo o Estado nesta terça-feira. A partir de quarta-feira (20), a tendência é de melhora do tempo. A área mais sensível é a da região serrana. (Com agências)