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"Salvou tantas vidas e morreu desse jeito", diz mãe de agente morto em Petrópolis

Parentes de vítimas dos deslizamentos de terra em Petrópolis chegam à Catedral São Pedro de Alcântara para a missa - Luiz Roberto Lima/Futura Press
Parentes de vítimas dos deslizamentos de terra em Petrópolis chegam à Catedral São Pedro de Alcântara para a missa Imagem: Luiz Roberto Lima/Futura Press

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Petrópolis (RJ)

25/03/2013 18h13Atualizada em 25/03/2013 18h16

A mãe do agente da Defesa Civil de Petrópolis (RJ) Paulo Roberto Filgueiras, que morreu na noite do dia 17 no momento em que resgatava duas moradoras de uma área de risco no bairro Quintandinha, passou mal nesta segunda-feira (25) ao chegar à Catedral de Petrópolis para a missa que será realizada em memória das vítimas da chuva na serra fluminense. “Salvou tantas vidas e agora morreu desse jeito”, afirmou Edna Filgueiras.

Ela tentou entrar no local de carro, por um dos acessos que está bloqueado pela segurança da presidente Dilma Rousseff, que participará da cerimônia. Ao ser impedida, ela desceu do veículo, tentou derrubar as grades de isolamento e passou mal.

A viúva de Filgueiras, Jennifer Filgueiras, disse que a segurança do evento não respeitou o luto da família. “Ele morreu ajudando as pessoas e se esqueceu de salvar a própria vida”, afirmou, contando que estava a dez passo do marido quando ele foi soterrado –ela também trabalhava no resgate das vítimas. "Quase que eu fui junto."

Cerca de 40 pessoas protestam na frente da catedral nesta segunda, em uma manifestação marcada pelo Facebook. Quando o prefeito da cidade, Rubens Bomtempo, chegou ao local, podiam ser ouvidos gritos de “Chega de omissão, queremos solução”.

“O povo de Petrópolis está cansado dessas tragédias anunciadas. Temos que começar a tomar posse do poder. Esse é o nosso erro”, afirmou a radialista Mirna Marino Duarte, que estava entre os manifestantes. “Precisamos estar nas ruas e cobrar dos governos. Todo mundo já bateu os pontos de risco que existem em Petrópolis e na região serrana. A chuva não é culpada pelos nossos problemas.”

Em Petrópolis, o temporal causou deslizamentos e deixou 33 mortos e 44 feridos, sendo que sete pessoas permanecem internadas no Hospital Santa Teresa. As buscas por desaparecidos foram oficialmente encerradas há dois dias.

No total, 1.074 pessoas ainda estão desabrigadas ou desalojadas e encontram-se nos 18 pontos de abrigo de Petrópolis.

A presidente Dilma Rousseff se atrasou para a cerimônia. Antes da missa, ela e o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, deveriam ter sobrevoado a região atingida de helicóptero, mas devido ao mau tempo a presidente teve que ir até Xerém para, de lá, ir até Petrópolis de carro.

Em conversa com Cabral na última segunda-feira (18), Dilma ofereceu apoio federal para enfrentar as consequências da chuva na região serrana do Rio. Na semana passada, o alerta foi dado novamente, pois de acordo com o Sistema de Alerta de Cheias do Inea (Instituto Estadual do Ambiente), os rios das cidades de Petrópolis, Teresópolis e Bom Jardim estão em estado de atenção.