Pesquisa aponta que um terço dos policiais do Rio bebem toda semana
Um terço dos policiais na cidade do Rio de Janeiro têm o hábito de beber álcool com a frequência de pelo menos uma vez na semana, e mais de 10% dos policiais, entre civis e militares, fizeram uso de tranquilizantes no último ano, segundo dados da pesquisa realizada pelo Claves (Centro Latino-Americano de Estudos de Violência e Saúde) e pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Segundo o estudo “Consumo de substâncias lícitas e ilícitas por policiais da cidade do Rio de Janeiro”, que integra uma pesquisa maior sobre condições de trabalho, saúde e qualidade de vida desses agentes da segurança pública, 32,8% dos policiais civis e 32,9% dos militares bebem toda semana. Destes, a frequência de consumo pesado de álcool (pelo menos uma vez por semana e cinco ou mais doses a cada vez) é de 32,1% nos policiais civis e de 51,1% nos militares.
A pesquisa analisou dados relativos a 36 unidades da Polícia Civil (15 administrativas e 21 delegacias) e a 17 unidades da Polícia Militar. Foram entrevistados 1.437 policiais civis e 10.342 PMs. A Polícia Civil e a Polícia Militar informaram que, no Estado, são 12 mil policiais civis e 26.310 PMs. Nenhuma das instituições especificou qual é o efetivo apenas na capital.
Dos entrevistados, 12% dos policiais civis e 11% de PMs afirmaram que bebem diariamente. Segundo uma das autoras, a pesquisadora Patrícia Constantino, estes números podem ser subestimados. “Falar sobre essas questões dentro de uma corporação não é algo simples. Nós consideramos que estes números estejam subestimados. O que mais chama a atenção, além do consumo de álcool, é o uso de tranquilizantes, como ansiolíticos e calmantes”, disse Patrícia ao UOL.
O consumo de droga para acalmar a ansiedade foi apontado como o principal motivo entre policiais civis e militares (13,3% e 10,1%, respectivamente).
Estresse no trabalho
Na entrevista, 17,8% dos militares e 11,4% dos civis afirmaram ter ingerido bebida alcoólica ou outra substância em decorrência do estresse gerado pela atividade policial. O estudo aponta que parte dos policiais investigados se encontram em um “estágio de intoxicação alcoólica aguda”.
“O uso dessas substâncias com certeza afeta a saúde do profissional. São profissionais que lidam diretamente com armamentos, população e risco. Essas questões precisam ser tratadas com atenção”, afirmou a pesquisadora.
Segundo o estudo, os estresses psicológicos e emocionais podem influenciar o “uso abusivo de substância psicoativa”.
“Desconsiderar o ser humano é uma temeridade. Ouvimos muitos policiais que sentiam falta de espaços em que pudessem falar de suas dores e espaços de escuta. Não se pode pensar em uma polícia mais humana se não há investimento nesse trabalhador”, afirmou Patrícia.
Sem comentar especificamente os dados da pesquisa, a Polícia Civil informou em nota que a Policlínica da corporação oferece o Programa Saúde Metal, que abrange os atendimentos de doenças mentais, traumas e dependência química de policiais civis.
“Ao ingressarem no programa, os policiais recebem atendimento social, psiquiátrico e psicológico, além de medicamentos. Os atendimentos psiquiátricos são realizados uma vez por mês, e a consulta com o psicólogo acontece uma vez por semana”, informou a nota.
Procurada, a assessoria de imprensa Polícia Militar não se manifestou a respeito.
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