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Provas de defesa ajudam mais do que as da acusação, diz promotor

Promotor Leandro Navega chega ao 3º Tribunal do Júri de Niterói (RJ), onde será julgado o policial militar Carlos Adílio Maciel Santos, um dos acusados pela morte da juíza Patrícia Acioli, em agosto de 2011 - Zulmair Rocha/UOL
Promotor Leandro Navega chega ao 3º Tribunal do Júri de Niterói (RJ), onde será julgado o policial militar Carlos Adílio Maciel Santos, um dos acusados pela morte da juíza Patrícia Acioli, em agosto de 2011 Imagem: Zulmair Rocha/UOL

Julia Affonso

Do UOL, no Rio

16/04/2013 18h51

O promotor Leandro Navega afirmou durante o julgamento do quinto réu do assassinato da juíza Patrícia Acioli, morta em agosto de 2011, nesta terça-feira (16), que as provas levadas pela defesa do PM Carlos Adílio Maciel Santos, acusado de ter participado da morte da magistrada, ajudam a incriminá-lo mais do que as da acusação.

"As testemunhas de defesa, o major [da Polícia Militar Severino Barbosa da Silva] e a irmã [do réu] tiraram qualquer dúvida que o júri pudesse ter. O que ouvimos aqui foi uma total contradição. É um réu de periculosidade imensa", disse. "Nenhum cidadão normal consegue acreditar que o objetivo da irmã na escuta telefônica fosse retirar produtos de limpeza. Eles falam em armas, munição. Ela não conseguiu se explicar. Chega a ser vergonhoso", afirmou.

O major Severino Barbosa da Silva presidiu a comissão da Corregedoria da corporação que investigou o assassinato da juíza Patrícia Acioli, em 2011. Ele foi repreendido pelo Ministério Público ao responder com ironia a questionamentos feitos pelo advogado da família da vítima, Técio Lins e Silva. A testemunha chegou a citar a "mãe Dinah" ao falar sobre um relatório da Polícia Federal.

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Para Lins e Silva, o major deveria ter saído do julgamento preso por ter mentido. "Desrespeitador, veio aqui para debochar das atividades", disse.

Já a irmã do réu, Gláucia Maciel Santos, negou que as escutas telefônicas interceptadas pela polícia mostrassem que ela teria tirado bens usados na morte da juíza da casa do réu.

Segundo ela, a conversa falava na retirada de produtos de limpeza. A irmã foi a quarta testemunha de defesa de Carlos Adílio. Ela falou depois de um amigo do réu, Alexandre da Silva Santos. O advogado do PM dispensou a segunda testemunha, Arthur Cesar N. Silva.

Extorsões

Segundo o promotor, Carlos Adílio e os outros integrantes do GAT (Grupamento de Ações Táticas) do batalhão da PM em São Gonçalo (7º BPM) ganhavam "misérias" com as extorsões que faziam, cerca de R$ 11 mil semanais, pois dividiam entre eles e o ex-comandante do batalhão, coronel Cláudio Oliveira.

"Cometiam crimes [extorsão, corrupção, fraudes] por miséria. Ele [Carlos Adílio] já está condenado em outro processo por ter recebido 500 reais de um traficante. Ninguém ficava rico ali, só o coronel.  [O réu] foi cabeça fraca, achou que dinheiro fácil ia melhorar a vida dele", disse Navega.

"O comandante pegava dinheiro de outra guarnição e, no final, era quem ganhava muito. Esses poucos aqui roubavam merreca. A pena do Carlos Adílio tem que ser grande, mas a do coronel tem que ser muito maior", disse.

O PM responde por participação e não autoria no assassinato da juíza Patrícia Acioli. O julgamento ocorre desde a manhã desta terça-feira (16) na 3a Câmara Criminal de Niterói, região metropolitana do Rio de Janeiro.

"O início do cometimento crime foi lá atrás [em março de 2011]. A participação dele existiu moralmente e materialmente. Ele abriu mão do espólio de guerra para ajudar no assassinato. O fato de ele estar preso na época da morte não significa que ele não participou", disse Navega.  

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