Topo

Índios ocupam canteiro da Belo Monte e pedem suspensão de obras

Índios invadem o canteiro de obras da usina hidrelétrica Belo Monte, que é construída no rio Xingu, em Altamira (a 900 km de Belém) - Ruy Sposati/CIMI
Índios invadem o canteiro de obras da usina hidrelétrica Belo Monte, que é construída no rio Xingu, em Altamira (a 900 km de Belém) Imagem: Ruy Sposati/CIMI

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

03/05/2013 22h07

O canteiro de obras da usina hidrelétrica Belo Monte, que é construída no rio Xingu, em Altamira (a 900 km de Belém), está ocupado por cerca de 200 índios desde quinta-feira (2). A ocupação no sítio Belo Monte obrigou cerca 6.000 trabalhadores do CCBM (Consórcio Construtor Belo Monte) a parar de trabalhar.

Nesta sexta-feira (3), a PM (Polícia Militar) entregou um documento à PF (Polícia Federal) com a ordem de retirar os índios do canteiro, mas até agora não houve nenhuma ação.  Apesar de a polícia ter sido avisada antes da chegada dos índios, a tropa não conseguiu evitar a ocupação.

Indígenas do rio Xingu, Tapajós e Teles Pires, que serão afetados pela construção de Belo Monte, reivindicam a suspensão das obras e pedem que haja mais estudos sobre os impactos ambientais antes da construção das barragens, e ainda que a consulta prévia aos povos indígenas seja regulamentada. Os manifestantes também exigem que os indígenas sejam consultados e que as tropas militares, que estão em suas terras em Belo Monte, sejam retiradas.

“Vocês precisam parar todas as obras e estudos e as operações policiais nos rios Xingu, Tapajós e Teles Pires. Nós queremos dialogar, mas vocês não estão deixando a gente falar. Por isso nós ocupamos o seu canteiro de obras. Vocês precisam parar tudo e simplesmente nos ouvir”, destaca um trecho da carta endereçada ao governo Federal.

Segundo o Movimento Xingu Vivo Para Sempre, oito povos estão ocupando o canteiro de obras, além de pescadores e ribeirinhos, que assinaram uma carta explicando o protesto, afirmam que a ocupação será por tempo indeterminado ou na condição que o governo federal atenda as reivindicações apresentadas.

Construção atingirá 24 mil pessoas

O MPF (Ministério Público Federal) solicitou um estudo sobre a construção de Belo Monte. Há um ano a pesquisa feita pelo Instituto de Tecnologia da UFPA (Universidade Federal do Pará), mostrou que a construção da usina hidrelétrica de Belo Monte vai atingir 25,4 mil pessoas --9.000 famílias a mais do que o apontando no relatório de impactos ambientais do projeto elaborado pela empresa Norte Energia--consórcio que tem 49,9% de participação da Eletrobras e 50,1% de empresas brasileiras privadas.

O aumento no número de indenizações vai subir o preço da construção de Belo Monte. Segundo o MPF, Belo Monte é a obra mais cara do Brasil, com R$ 30 bilhões de investimentos previstos.