Topo

Corregedoria da Polícia Civil do Rio vai investigar caso de cena de crime forjada por policiais

Do UOL, em São Paulo

12/05/2013 12h08

Após a divulgação pelo jornal "Extra" neste sábado (11) de um vídeo feito pela própria Polícia Civil durante operação na região de Santa Cruz, na zona oeste do Rio de Janeiro, que mostra agentes mexendo em uma cena de crime e mudando cadáveres de lugar para forjar auto de resistência, Martha Rocha, a chefe do órgão, decidiu transferir o inquérito da delegacia da região para a Corregedoria da Polícia Civil.

"A fim de verificar se houve total observância ao que dispõe a Portaria N.º 553/2011, que estabelece as diretrizes básicas a serem observadas pelas autoridades policiais na apreciação de fatos apresentados como ‘auto de resistência’, a Chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, determinou, neste sábado (11/05), a transferência do Inquérito Policial, em andamento na 36ª DP (Santa Cruz), para a Corregedoria Interna da Polícia Civil (Coinpol).

A Chefe de Polícia também determinou a instauração de sindicância disciplinar na Coinpol, que verificará, entre outras coisas, se houve pleno cumprimento da Portaria em vigor. Ficará a cargo da Corregedoria a manifestação quanto à necessidade do afastamento dos envolvidos de suas funções durante a apuração, conforme prevê a legislação disciplinar", diz um comunicado da Polícia Civil.

A operação que aparece no vídeo foi realizada por policiais do Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), com apoio de helicóptero e carro blindado. Ao que parece, a parte que mais incrimina os policiais foi gravada sem querer, como mostra parte da filmagem em que um dos homens pede para que o outro desligue a câmera que está acoplada a seu capacete –o que não aconteceu.

As imagens gravadas na Favela do Rola foram feitas por duas câmeras, uma estava em um helicóptero e a outra afixada ao capacete de um dos policiais. A operação, em uma área densamente povoada, ocorreu no dia 16 de agosto de 2012, com direito a distribuição de tiros desde uma das duas aeronaves usadas na ação.

Uma vítima é encontrada em uma casa vizinha e desarmada é deslocada pelos policiais para o bar onde estão outros suspeitos mortos, o que mostra uma clara obstrução do trabalho da perícia para apurar como aconteceram as mortes.

Ainda de acordo com a nota da Polícia Civil, como resultado desta operação, foram apreendidos quatro fuzis, uma espingarda calibre 12, duas pistolas, quatro carregadores e 67 cartuchos, além da apreensão de mais de 9 kg de cocaína, 334 g de maconha, 62,9 g de crack e 42 frascos de solvente orgânico, bem como de R$ 981,25.

A nota também afirma que houve cinco mortos, "todos identificados como maiores de idade e que empreenderam resistência armada à ação policial, três dos quais, inclusive, com antecedentes por crimes de tráfico de drogas ou homicídios ou porte ilegal de arma de fogo de uso restrito ou crimes contra o patrimônio".

"Segundo depoimentos colhidos no inquérito policial, após vencida a resistência empregada pelos traficantes, as equipes da Core providenciaram o socorro para os feridos, que tiveram de ser removidos para hospital próximo, pelos próprios policiais. Ainda pelo que já consta nos autos, a perícia foi devidamente acionada", informa o órgão.