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'Tive medo de ser confundido com o ladrão', diz homem que achou documentos de Suplicy

João Silas Gomes ao lado da cantora Daniela Mercury e do senador Eduardo Suplicy - Divulgação
João Silas Gomes ao lado da cantora Daniela Mercury e do senador Eduardo Suplicy Imagem: Divulgação

Guilherme Balza

Do UOL, em São Paulo

20/05/2013 19h23

O funcionário público João Silas Gomes, 48, que encontrou e devolveu os documentos furtados do senador Eduardo Suplicy (PT-SP) na noite do sábado (18), durante o show de Daniela Mercury na Virada Cultural de São Paulo, disse que temeu ser confundido com o ladrão e, assim, sofrer uma reprimenda do público presente. “Não quis aparecer. Tive medo de ser confundido com o ladrão”, afirmou.

De acordo com Gomes, ele acompanhou o show da cantora baiana com o amigo Carlos Alberto Oliveira, que viajou de Natal para ver a Virada. Antes mesmo de Daniela fazer o apelo para que os objetos do senador fossem devolvidos, logo após o encerramento do show, o amigo já tinha encontrado os documentos, que estavam embaixo de uma árvore.

“O show já tinha acabado, e a gente estava se dirigindo à praça de alimentação quando encontramos os documentos. Eram vários cartões de crédito e a CNH (Carteira Nacional de Habilitação), todos espalhados no pé da árvore. Eu percebi que eram do senador. O celular não estava lá”, relembra Gomes.

Em seguida, eles conversaram com uma policial militar, que os orientou a ir até uma área ao lado do palco, onde estavam o senador e a cantora. Gomes afirma que Daniela os convidou para subir no palco, mas eles rejeitaram. “Não quisemos aparecer. Achamos por bem não ir ao palco, porque o público poderia pensar que nós fôssemos os ladrões.”

Segundo o funcionário público, ele conversou brevemente com Suplicy no momento em que devolvia os documentos. “Ele apenas conferiu os documentos e me perguntou do celular e da carteira. Em um determinado momento, tive a impressão de que ele achava que eu era o ladrão. Senti que ele estava desorientado até pelo fato de ter sido roubado”, recorda.

Em troca do gesto, Gomes pediu a Suplicy e Daniela para tirar uma foto. Depois da entrega dos documentos, Daniela retornou ao palco para agradecer aos dois.

Funcionário do Fórum de Lins (431 km de São Paulo) há 26 anos, Gomes viu os shows de Angela Ro Ro, Gal Costa, Odair José e Fafá de Belém, além do de Daniela Mercury. Esta foi a segunda vez que ele acompanha a Virada, assim como o amigo.

Sobre atos de violência durante o evento, o funcionário público afirma que, na noite de sábado, presenciou muita gente ferida no rosto, além de grupos correndo da polícia.

Violência na Virada

A Prefeitura de São Paulo divulgou no fim da tarde desta segunda-feira (20) balanço da Virada Cultural. De acordo com os dados, duas pessoas seguem internadas em estado grave. Uma delas é um jovem de 17 anos, baleado no tórax. A outra é um homem de 40 anos, por overdose.

Assaltantes fazem arrastões em Virada Cultural em SP

Além disso, foram registradas duas mortes (um jovem de 19 anos baleado no rosto e um homem de 21 anos, de suspeita de overdose) e 12 arrastões durante o evento. Segundo a prefeitura, quatro pessoas foram feridas por armas de fogo e seis por facadas. Ao todo, 28 pessoas foram detidas e nove adolescentes foram apreendidos.

Os casos graves foram encaminhados para a Santa Casa, na região central, e para o Hospital do Servidor Público Municipal, na zona sul.

Também foram apreendidas uma arma de fogo e uma arma de brinquedo. Segundo a prefeitura, 3.420 policiais militares fizeram o patrulhamento da Virada, que contou ainda com o apoio de 1.400 guardas civis metropolitanos.

No total, houve 1.883 atendimentos médicos, com 262 remoções. As principais causas desses atendimentos, segundo a prefeitura, foram intoxicação por álcool e drogas, ferimentos por facadas e pancadas. O evento contava com 20 ambulâncias de suporte avançado e 40 básicas, além de quatro postos médicos, cada uma com dois médicos, um enfermeiro e três técnicos de enfermagem.

O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou que vai analisar os dados criminais da Virada Cultural com seus secretários nos próximos dias para decidir se será necessário mudar alguma coisa para a edição do ano que vem

O mandatário afirmou que a Polícia Militar se comprometeu a investigar se algum policial deixou de tomar ações ao presenciar crimes. "Soube pela imprensa dessa situação (de pessoas que relataram que viram arrastões acontecerem na frente de policiais). A informação que tenho é que a PM respondeu ao aumento de ocorrências, inclusive com prisões."

Por fim, Haddad afirmou que a Virada, "do ponto de vista cultural, foi um sucesso". O secretário municipal de Serviços, Simão Pedro, reconheceu que houve problemas de iluminação em regiões como o largo do Arouche e a praça da República. "O serviço de iluminação está muito aquém do que São Paulo merece. Vamos cobrar o consórcio para fazer o que está previsto em contrato."

Lixo

O balanço mostrou também que 459,4 toneladas de lixo foram recolhidas por 4.200 profissionais que trabalharam na limpeza do evento.

Apreensões levaram para o depósito da Subprefeitura da Sé 15.586 produtos, principalmente bebidas, que resultaram em 8.493 unidades de cerveja, 3.493 de refrigerantes, 1.208 de água e 965 de vinhos. (Com Agência Estado)