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Contra roubos, PM recomenda que público não ostente celulares durante a Parada Gay

Débora Melo

Do UOL, em São Paulo

28/05/2013 18h13

O coronel da Polícia Militar Reynaldo Simões Rossi, comandante da região central da capital, disse nesta terça-feira (28) que conta com a colaboração do público no combate a roubos e furtos durante a 17ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, conhecida como Parada Gay, que será realizada no próximo domingo (2).

"Eu não estimularia as pessoas a exporem seus patrimônios porque as pessoas são nossos colaboradores em termos de segurança. E as regras em termos de segurança primária pressupõem que as próprias pessoas tenham cautela com seus bens, em especial seus celulares", disse o coronel em entrevista coletiva.

Os celulares foram o principal alvo de ladrões durante a Virada Cultural, evento que ocorreu em São Paulo no fim de semana dos dias 18 e 19 de maio.

Pela primeira vez, a PM dará dicas de segurança ao público da Parada: 13 mensagens diferentes serão exibidas em um telão no trio elétrico do Google ao longo do trajeto da parada (avenida Paulista, rua da Consolação e praça da República). Entre as mensagens, que terminarão com um "Ajude a Polícia Militar a ajudar voce", estão pedidos para não ostentar joias, relógios ou objetos de valor, cuidado ao manusear dinheiro e manter celulares, carteiras e bolsas à frente do corpo.

"Estimular a exposição a fim de medir se o grau de segurança da Polícia Militar nesse momento é adequado não é uma recomendação. Como ação de segurança, a PM recomenda que esses bens não sejam expostos nem mantidos ostensivamente. É inclusive uma das nossas dicas de segurança", completou o coronel Rossi. Outras dicas se referem à moderação no consumo de bebida alcoólica, cuidado com crianças e dicas em caso de tumulto.

"[A ideia é] fazer com que esse público perceba que eles são nossos colaboradores, são tão responsáveis quanto nós, principalmente na garantia dos bens patrimoniais (...) É fundamental que as pessoas que vão a eventos dessa natureza tomem um conjunto de cautelas que para protegê-las individualmente", afirmou Rossi.

Aumento do efetivo

A PM confirmou que vai ampliar o efetivo para 1.800 policiais militares na Parada deste ano (contra 1.200 em 2012), mas negou que o aumento esteja relacionado com os problemas ocorrridos durante a Virada Cultural, que teve arrastões e duas mortes. “O aumento do efetivo não está vinculado a um aspecto específico da Virada [Cultural]. Nossa análise foi sobre a Parada, o que a Parada é”, disse Rossi. O efetivo extra virá da Rota, da Tropa de Choque e de unidades administrativas.

Em entrevista ao UOL na última quinta-feira (22), o tenente-coronel Wagner Rodrigues disse que "a experiência da Virada Cultural influenciou no planejamento e readequação da nossa estratégia [para a Parada Gay]".

"Optamos por ampliar o número em face da maior estimativa de público [da Parada]. Faremos a avaliação da Virada Cultural oportunamente", disse hoje o coronel da PM afirmando, no entanto, que corporação preferia não falar sobre estimativas de público.

A organização da Parada informou que trabalha com a mesma estimativa de público dos últimos seis anos: 3 milhões de participantes. A contagem do público durante o evento, no entanto, não é mais feita pela organização desde o ano passado.

O esquema especial de segurança começará às 9h do domingo e se estenderá até as 6h de segunda (3). A Parada também contará com um reforço de policiais à paisana --o número não foi divulgado por questões de segurança--, e a PM usará plataformas elevadas para ampliar o monitoramento e a visibilidade durante o evento. O policiamento ainda terá 91 viaturas e 39 animais (cavalaria).

Combate à homofobia

A PM informou que, a fim de evitar a ação de grupos de intolerância, monitora blogs e redes sociais por meio do seu serviço de inteligência.

"A Polícia Militar tem expertise de acompanhar esse tipo de coisa, até para não ser surpreendida. O fluxo de informações acaba sendo maior. Também haverá acompanhamento in loco de alguns grupos que eventualmente queiram realizar ações dessa natureza", disse Rossi.

O coronel afirmou ainda que os policiais foram orientados pelo Instituto Latino-Americano de Direitos Humanos sobre como lidar com o público LGBT. "Estamos confiantes de que, ao final da Parada, teremos resultados favoráveis não só em termos de números, mas em termos de garantir a oportunidade das pessoas manifestarem a sua orientação e defenderem as suas convicções", concluiu.

O tema da parada este ano será "Para o armário nunca mais! União e Conscientização na luta contra a homofobia". O objetivo dos organizadores é lutar contra possíveis retrocessos nos direitos já conquistados pela comunidade LGBT.  Nesta edição, a Parada Gay deve ter um trio elétrico que fará protestos contra os deputados federais Marco Feliciano (PSC-SP) e Jair Bolsonaro (PP-RJ), e o pastor evangélico Silas Malafaia, além de outras pessoas que tenham agido contra os direitos conquistados pelos homossexuais.