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Com rio Negro alto, Manaus retira 2 toneladas de lixo a mais da orla por dia

Elendrea Cavalcante

Do UOL, em Manaus

05/06/2013 06h00

Na orla de Manaus não é apenas a subida do nível do rio Negro que chama a atenção de quem está na cidade ou por ela passa. O lixo que sobe junto com a água também coloca em alerta as famílias que moram à beira do rio e igarapés, além dos organismos da saúde pública, por conta do aparecimento de animais peçonhentos e de doenças relacionadas à enchente.

O lixo acumula-se diariamente na orla da cidade, em volta dos 14 bairros de Manaus atingidos pela cheia. Entre eles, Glória, São Jorge e São Raimundo na zona oeste, além de Raiz, Educandos e Betânia, na zona sul. Segundo a Secretaria Municipal de Limpeza e Serviços Públicos, com a subida do nível das águas este ano, passaram a ser retiradas diariamente 32 toneladas de lixo da orla da cidade e seus igarapés.

Fora do período de cheia, são retiradas todos os dias 30 toneladas das mesmas áreas. O órgão justifica que, mesmo com o aumento da demanda, a retirada só não é bem maior no período da enchente em virtude de a coleta de lixo ser realizada por empresa contratada e, por isso, haver um limite diário de entulho a ser retirado. Duas balsas e outros oito barcos menores são usados na retirada do lixo das águas.

O Corpo de Bombeiros do Amazonas informou que diariamente recebe chamadas da população por conta do aparecimento de animais peçonhentos.

Moradores

A dona de casa Eliúde da Costa, 21, moradora do São Raimundo, disse que é o primeiro ano que reside às margens do rio. “Não desejo para ninguém ter que morar onde moro. Essa semana que passou meu marido matou uma cobra. Sem contar que as crianças ficam mais sensíveis às doenças. Nós até recebemos visitas de agentes de saúde que nos indicam o que fazer, mas nem sempre dá para seguir as recomendações ”, ressaltou.

O diretor-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde, Bernardino Albuquerque, informou que as doenças que surgem neste período de cheia são relacionadas à água, alimentos, vetores, reservatórios e animais peçonhentos. “A principal medida para impedir o contágio de doenças oriundas das enchentes é evitar o contato com a água ou lama contaminada”, alerta.

A fundação informou ainda que em caso de acidentes envolvendo animais peçonhentos, a instituição abasteceu todas as unidades de saúde de Manaus com o soro antiofídico para socorro.

O rio Negro marcou nesta terça-feira (4), 29,28 metros, o que já confere à cheia deste ano a posição de oitava no ranking das maiores da história, segundo o Serviço Geológico do Brasil.

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