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Médica de UTI de Curitiba diz que é vista como "demônio" e se defende: "Só exerci a medicina"

A médica Virginia Helena Soares de Souza - 20.mar.2013 - Andre Rodrigues/Gazeta do Povo/Futura Press
A médica Virginia Helena Soares de Souza Imagem: 20.mar.2013 - Andre Rodrigues/Gazeta do Povo/Futura Press

Do UOL, em São Paulo

09/06/2013 22h10Atualizada em 09/06/2013 22h38

A médica Virgínia Helena Soares de Souza, denunciada sob acusação de induzir a morte de pacientes em uma UTI de Curitiba (PR), afirmou neste domingo (9) em entrevista ao programa Fantástico, da “TV Globo”, que é inocente e que “apenas exerceu a medicina”.

“Eu nunca abreviei a vida de ninguém. Eu só exerci a medicina, exatamente como tem que ser”, disse Virgínia. "Inocente ou culpado, depende de você agir errado e com má fé. Eu exerci a medicina", completou a médica.

Questionada pela repórter sobre como achava que era vista pelos brasileiros, a médica respondeu que como “demônio”.

Em relação às escutas telefônicas em que aparece dizendo, em tom debochado, que gostaria de “desentulhar” a UTI, a médica afirma que o "desabafo" foi uma "infelicidade".

“Foi uma infelicidade, foi um desabafo, porque o número de pedidos de vagas é extremamente alto”, afirmou.

Virgínia foi chefe da UTI do Hospital Evangélico de Curitiba por sete anos. Desde que foi presa no decorrer das investigações, em fevereiro, a médica foi afastada de suas funções no hospital e, hoje, permanece reclusa em casa a espera de julgamento.

Ela e outros sete ex-profissionais do hospital são acusados por sete homicídios, em um processo que corre sob sigilo. Outras 334 mortes ocorridas de 2006 a 2013 estão sob investigação do Ministério Público.

No final de maio, a médica disse que só voltaria à medicina para assumir cargos burocráticos.

"[Se eu voltar,] preciso ir para uma área burocrática, que eu acho melhor. Porque os olhos de uma família são muito importantes, e a confiança na relação médico-paciente é muito importante", disse à rádio BandNews de Curitiba.

Denúncia

Segundo a Promotoria, a ex-chefe da UTI ordenava a aplicação de bloqueadores neuromusculares ou anestésicos nos pacientes, e então diminuía a quantidade de oxigênio nos respiradores ligados às vítimas, provocando a morte por asfixia, para fazer "girar" os leitos.

A denúncia afirma que todos esses passos estão registrados nos prontuários médicos e em desacordo com os protocolos a serem seguidos clinicamente.