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Com greve da CPTM, SP tem fila de 800 metros para ônibus e trânsito acima da média

Fabiana Maranhão e Noelle Marques

Do UOL, em São Paulo

13/06/2013 10h00

A greve dos funcionários da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) que começou à 0h desta quinta-feira (13) provoca transtornos para os motoristas, que enfrentaram desde cedo trânsito acima da média, e para os usuários de transportes públicos, que precisaram lidar com lotação e confusões nos pontos de ônibus e no metrô. Em algumas estações, como a Santo Amaro, na zona sul da capital, a fila para embarcar nos ônibus chegava a 800 metros.

Paulistanos enfrentam dificuldades para chegar ao trabalho

As linhas 9 - Esmeralda, 11 - Coral e 12 - Safira estão completamente paralisadas. Até as 10h as linhas 11 e 12  operavam parcialmente, entre as estações Guaianases e Luz, e Manuel Feio e Brás.

Não pararam os funcionários das linhas 7 - Rubi e 10 - Turquesa.

Por volta das 9h, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) registrava lentidão acima da média: eram 116 km de filas, ou 13% do total das vias monitoradas. A média para o horário fica entre 11% e 7,5%. A marginal Tietê era a via mais congestionada, com 10,7 km de lentidão no sentido Castelo Branco.

O rodízio municipal de veículos foi suspenso durante todo o dia, e as multas referentes à violação serão canceladas, segundo a CET.

Já o Metrô informou que irá estender o horário da operação máxima em todas as linhas e também irá reforçar o número de funcionários nas estações. 

A SPTrans (São Paulo Transporte), empresa responsável pelo transporte municipal, informou ainda que todos os 15 mil ônibus da cidade vão circular durante todo o dia para tentar evitar filas nos pontos. 

A reportagem do UOL presenciou filas enormes nos pontos de ônibus no entorno da estação Guaianases, no extremo leste de São Paulo, e os veículos que fazem a ligação intermunicipal estavam lotados.

“Eu demoro normalmente duas horas para chegar em casa, mas hoje eu espero chegar até meio dia. E o pior é que não tem ônibus para atender a demanda”, afirma uma mulher que não quis se identificar.

“É uma palhaçada, o trem só funciona na capital", afirma o vigilante Antonio Amorim, 54, que mora em Itaquaquecetuba (36 km da capital) e enfrentava uma longa espera na estação da zona leste.

A maior parte dos passageiros só soube da greve da CPTM hoje de manhã, quando chegaram à estação. Os usuários reclamaram da falta de organização para pegar o ônibus. "Se não bastasse a gente pagar caro na tarifa, ainda tem que aguentar uma coisa dessas. Está uma bagunça isso aqui", disse a auxiliar administrativa Maria Gorete da Silva, 38. Ela havia saído de casa, no Capão Redondo, às 6h45. Apenas às 8h20 conseguiu pegar o Paese.

Linhas da CPTM

  • Reprodução/CPTM

Reivindicações da categoria

Na manhã desta quarta, uma reunião de conciliação realizada no TRT (Tribunal Regional do Trabalho), entre os trabalhadores da CPTM e representantes da empresa, terminou sem acordo.

"Tentamos negociar, mas a CPTM não colaborou. Não tivemos outra alternativa a não ser decretar a greve", afirma Everson Craveiro, representante do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias de Transporte de Passageiros da Zona Sorocabana. Trabalhadores ligados ao Sindicato dos Ferroviários da Central do Brasil também participam das negociações.

A categoria reivindica reajuste de 6,77% (equivalente à inflação do período), mais 5% de aumento real, pagamento de vale alimentação de R$ 200, vale refeição composto por 24 cotas de R$ 25, e adicional de risco de vida de 30% ao pessoal que trabalha em estações.

CPTM diz que greve é "irresponsável"

Em nota, a CPTM criticou a decisão, que considerou "irresponsável". "A direção da CPTM ressalta que buscou todas as formas e alternativas no sentido de chegar a um acordo com as entidades sindicais envolvidas e, assim sendo, espera que seus empregados adotem postura responsável em favor da continuidade dos serviços prestados à população", diz o comunicado.

A empresa afirma que apresentou nova proposta de reajuste salarial de 8,56%, aumento de 20% no vale refeição, que passaria de 22 para 24 cotas de R$ 23 por dia (R$ 552 ao mês), além de substituição da cesta básica por vale alimentação no valor de R$ 100.

O TRT determinou que os funcionários devem manter 100% da operação nos horários de pico, entre 6h e 9h e das 16h às 19h. Nos outros horários, 75% da operação deve ser mantida. Caso não cumpra a ordem, os empregados poderão ser responsabilizados civil e penalmente e terão de pagar multa de R$ 100 mil. "Como os sindicatos não cumpriram a decisão, a CPTM acionará a Justiça". (Com Estadão Conteúdo)