Palco de novo protesto em São Paulo, Largo da Batata amanhece com pedras, blocos e paus
Horas antes da manifestação que pede a revogação do aumento da tarifa dos transportes públicos em São Paulo, marcada para as 17h desta segunda-feira (17) no Largo da Batata, zona oeste da capital paulista, a reportagem do UOL percorreu a região e constatou a presença de materiais de construção em locais de livre acesso à população. Os materiais, como blocos de concreto, pisos de cerâmica e pedaços de madeira, serão usados nas obras de complementação do Largo da Batata e entorno.
Cenas do protesto em SP
Elio Gaspari: Os distúrbios começaram pela ação da polícia, mais precisamente por um grupo de uns 20 homens da Tropa de Choque, que, a olho nu, chegou com esse propósito Leia mais |
Existe terror em SP: "Fosse você manifestante, transeunte ou jornalista a trabalho, não havia saída pela via nem pelas transversais, todas cercadas pelo Choque. A cada arremesso de bomba, alguém pedia por vinagre ou o oferecia". Leia mais |
Ataque à imprensa: Diversos jornalistas foram feridos e presos pela polícia durante a cobertura do ato. Vídeo mostra que um grupo se identifica e pede para que não seja atingido, mas os policiais ignoram e disparam tiros de borracha e bombas de gás lacrimogênio. Assista |
Vídeo gravado durante os protestos em São Paulo mostra um policial quebrando, com socos, um dos vidros do próprio carro da polícia. Assista |
Segundo a assessoria da Prefeitura de São Paulo, até o momento não há qualquer informação sobre a retirada dos objetos do local.
Após a publicação da reportagem, o secretário estadual da Segurança Pública, Fernando Grella, determinou a "imediata retirada" dos materiais de construção que estavam nas imediações da estação de metrô Faria Lima, no Largo da Batata. Segundo a secretaria, o governo considerou inadmissível a presença do material na região diante dos protestos marcados para esta segunda. O material deve ser encaminhado para a sub-prefeitura de Pinheiros.
Mais de 240 mil pessoas confirmaram, pelo Facebook, participação no quinto ato de hoje. Alguns ativistas acreditam que a presença dos objetos no local pode ser uma armadilha para levar os manifestantes à agressão e justificar a reação da polícia, por isso, no evento criado na rede social, a orientação é para ninguém tocar no material e tomarem cuidado com a “cilada”. O grupo pede que não haja violência e sugere que as pessoas levem flores para a manifestação.
Por garantia, a estação Faria Lima, que fica perto do ponto de concentração do protesto, foi cercada por tapumes. De acordo com a concessionária Via Quatro, que administra a única linha privatizada de Metrô da capital, a medida é preventiva.
Já os manifestantes disseram que vão filmar e denunciar a repressão dos PMs durante a próxima passeata. As denúncias de abuso policial, principalmente de oficiais infiltrados na manifestação para "criar tumulto e quebra-quebra para culpar o movimento" serão levadas pelo grupo à corregedoria da PM.
Na manifestação de quinta-feira, a PM mobilizou grande aparato, com tanques blindados, helicópteros e até a cavalaria. Além da Tropa de Choque, policiais da Rota e da Força Tática atuaram na repressão, totalizando efetivo de 900 homens.
Segundo relato da repórter do UOL, Janaina Garcia, a polícia atirou indiscriminadamente contra manifestantes, transeuntes e jornalista a trabalho. Veja o relato.
De acordo com a polícia, 241 pessoas foram detidas, sendo que cerca de 40, antes mesmo de o protesto começar. Manifestantes e jornalistas que carregavam vinagre --como o repórter Piero Locatelli, da revista “Carta Capital”-- para reduzir os efeitos de bombas de gás lacrimogêneo foram detidos, sob a alegação da PM de que o produto pode ser usado para fabricar bombas caseiras.
Segundo o Movimento Passe Livre, pelo menos cem ficaram feridos. Entre os feridos, sete são jornalistas da Folha de S.Paulo. A repórter Giuliana Vallone, da TV Folha, foi atingida no olho por uma bala de borracha disparada por policiais militares da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar). O fotógrafo Sérgio Silva, da agência Futura Press, foi atingido por uma bala de borracha no olho e ainda se recupera de uma cirurgia. Ele corre o risco de perder a visão.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que está "sempre aberto ao diálogo, mas não é possível permitir atos de vandalismo". Alckmin se negou a dizer que houve excessos da PM.
Já o prefeito Fernando Haddad (PT), disse que "não ficou bem" para a PM a repressão aplicada durante o protesto. Ele destacou que o reajuste de R$ 0,20 na tarifa de ônibus foi o menor reajuste dos últimos tempos, e se disse disposto a "explorar alternativas" para o aumento.
Confira os quatro dias de protesto em imagens
Policial atinge cinegrafista com spray de pimenta
PM agride clientes de um bar na avenida Paulista
Policial atira bombas contra manifestantes
Cartaz faz referência à música Cálice, de Chico Buarque, escrita durante a ditadura
Manifestantes se ajoelham para tentar se proteger de ação policial
Mulher anda de bicicleta em meio a confronto entre policiais e manifestantes
Garota segura flor enquanto usa orelhão pichado durante protesto
Mulher é ferida na cabeça ao passar por confronto entre polícia e manifestantes
Policial atira contra manifestantes em rua do centro de São Paulo
Vídeo mostra policial quebrando o vidro do próprio carro da polícia em SP
Manifestante faz sinal da paz para policiais
Policial Militar aponta arma para se defender de agressores
Manifestantes se ajoelham diante de PMs durante protesto na avenida Paulista
Policial tanta apagar fogo provocado por manifestantes
Manifestantes fazem fogueira durante protesto contra o aumento das passagens
Manifestantes tomam a avenida Paulista no segundo protesto
Multidão participa do primeiro protesto contra a aumento na tarifa de ônibus
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.