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Metrô do DF fecha por cerca de meia hora por causa de protesto

Cerca de 1.300 pessoas, segundo a Polícia Militar, marcham na capital federal pedindo tarifa zero para o transporte coletivo - Valter Campanato/ABr
Cerca de 1.300 pessoas, segundo a Polícia Militar, marcham na capital federal pedindo tarifa zero para o transporte coletivo Imagem: Valter Campanato/ABr

Fernanda Calgaro<br>Do UOL, em Brasília

19/06/2013 20h37Atualizada em 19/06/2013 23h18

A estação Rodoviária do Plano Piloto do metrô do Distrito Federal fechou por volta das 20h30 desta quarta-feira (19) em virtude do protesto pela tarifa zero no transporte público. Normalmente, o metrô funciona das 6h às 23h30 de segunda a sábado. Dez minutos depois, alguns dos manifestantes invadiram a estação, apesar do cordão de isolamento da Polícia Militar.

Os manifestantes pularam as catracas e ficaram gritando palavras de ordem na estação de metrô, mas a deixaram pacificamente cerca de 10 minutos depois. O acesso aos passageiros foi liberado e o metrô voltou a funcionar normalmente em seguida.

O protesto em Brasília acabou às 22h, após uma tentativa frustrada de parte dos manifestantes de irem até o Congresso Nacional. Eles foram impedidos por um cordão de isolamento da Polícia Militar.

O fechamento da estação, que fica no centro da capital federal e é uma das mais movimentadas da linha, pegou de surpresa tanto os manifestantes quanto os usuários. Cerca de 1.300 manifestantes, de acordo com cálculos da Polícia Militar, participaram do ato no momento de maior movimento. O coronel da PM Laércio, responsável pela operação de segurança, disse que não houve nenhum incidente.

A auxiliar de serviços gerais Marina Ferreira de Souza, 52 anos, estava na rodoviária para pegar ônibus de volta para casa quando a manifestação começou. Apesar de não ter aderido, ela apoia o movimento, pois gasta de duas horas a duas horas e meia todos os dias para se deslocar entre Taguatinga e Brasília.

"A gente não aguenta mais. Já estava na hora das pessoas fazerem alguma coisa", diz ela, que critica a má qualidade do transporte no DF.

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A estudante de relações internacionais Isabela Carvalho, 23 anos, participa de seu primeiro protesto contra a redução da tarifa. Ela disse, porém, que a reivindicação vai além do valor da passagem: "estamos cobrando eficiência no transporte público. Faltam ônibus e linhas mais bem distribuídas"

Os estudantes de direito Juliana Lopes Silva, 29, e Gabriel Mendes, 23, disseram que apoiam a manifestação porque o transporte precisa melhorar e pressiona o governo.

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Um cobrador de ônibus de 59 anos, que preferiu não se identificar, diz que trabalha há 28 anos em empresa de transporte do DF e que apoia as manifestações. Segundo ele, os passageiros reclamam muito da demora dos ônibus e do estado dos veículos.

São Paulo e Rio reduzem tarifa

O protesto pela tarifa zero no DF ocorre no mesmo dia em que os governos do Rio de Janeiro e São Paulo anunciaram a redução de suas tarifas.

O professor de matemática Piragibe Paixão, 37 anos, diz que a redução em SP e no RJ mostra o poder da pressão popular. Para ele, a tarifa zero ou um bilhete mensal seriam boas opções para melhorar o transporte público do DF.

Um dos coordenadores do Movimento Passe Livre do DF, Paíque Luque, comentou as reduções em SP e no Rio. "Isso mostra a força que o movimento está tomando. Aqui [no DF] não houve aumento de tarifa, mas houve a construção de um estádio. Queremos investimento equivalente em transporte e outros setores essenciais."

Protestos se espalham pelo Brasil
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Gritos de guerra

Sob a rodoviária, os manifestantes entoaram vários gritos de guerra. Alguns deles são: "O meu dinheiro não é capim, eu pulo a catraca sim"; “Boi, boi, boi, boi da cara preta, sem tarifa zero a gente a pula a roleta" e "Se a tarifa não zerar, Brasília vai parar”.

Também sobraram xingamentos para o governo do DF, Agnelo Queiroz (PT).

Quarto dia de protestos

A capital federal vive hoje o quarto dia de protestos.

O primeiro foi na sexta-feira passada, na véspera do jogo de abertura da Copa das Confederações no Estádio Nacional Mané Garrincha, em que houve queima de pneus na via que fica ao lado do estádio. Cinco pessoas foram presas.

Em seguida, houve um protesto no dia do jogo entre Brasil e Japão, duramente reprimido pela Polícia Militar. Pelo menos duas manifestantes que participaram do protesto em frente ao estádio foram atingidas na cabeça por balas de borracha disparadas pela PM.

E, na última segunda-feira, o maior protesto da série reuniu cerca de 10 mil pessoas, segundo a PM. Manifestantes desceram pelo Eixo Monumental e ocuparam a marquise do Congresso Nacional, onde permaneceram por cinco horas.

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Governo diz que renova frota

Em nota oficial divulgada nesta quarta-feira (19), o governador Agnelo Queiroz afirmou que o governo da unidade federativa está renovando a frota de ônibus do DF e garantiu que a tarifa não irá aumentar.

"Agnelo Queiroz lembrou as melhorias que estão em curso no transporte público, como a licitação para renovação de toda a frota de ônibus do Distrito Federal, o que segundo ele "vai permitir um transporte digno de qualidade", sem aumento de tarifa", afirma a nota do GDF.

Agnelo afirmou ainda que busca entender as reivindicações dos manifestantes. "Para entender esse movimento que está democraticamente tomando as ruas do país é preciso observar não apenas de onde ele vem, mas principalmente para onde ele aponta. E ele aponta para um país sem corrupção, com serviços públicos eficientes e de qualidade. Essas bandeiras são de todos os brasileiros e eu me sinto representado por elas."