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Bope e Choque fazem "limpeza" no centro do Rio, e PM pede que população evite as ruas

Policial militar detém manifestante durante protesto por melhores serviços públicos no Rio de Janeiro - Victor R. Caivano/AP
Policial militar detém manifestante durante protesto por melhores serviços públicos no Rio de Janeiro Imagem: Victor R. Caivano/AP

Gustavo Maia, Julia Affonso e Paula Daibert

Do UOL, no Rio

20/06/2013 23h23Atualizada em 20/06/2013 23h45

A Polícia Militar recomendou na noite desta quinta-feira que a população carioca evite as ruas da região do centro do Rio de Janeiro, já que o Bope (Batalhão de Operações Especiais) e o Batalhão de Choque estavam atuando "para prender vândalos e saqueadores". Os policiais estão passando pelas vias e retirando todas as pessoas que estejam na rua após o confronto com manifestantes que protestavam contra o preço das passagens de ônibus na cidade.

Protestos se espalham pelo Brasil
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Pessoas que não estavam envolvidas nos protestos deram entrada no Hospital Municipal Souza Aguiar, onde há 62 feridos após o confronto entre a PM e os manifestantes, por terem sido atingidas por estilhaços das bombas de efeito moral.

O segurança Leonardo Castilho, 23, estava na Lapa, perto do Circo Voador, e contou que a Tropa da Choque chegou ao local e jogou uma bomba de gás lacrimogêneo. "O choque é covarde. Eu estava na Lapa, perto do Circo. Eles começaram a jogar bomba e o estilhaço pegou em mim", disse ele, que chegou ao Hospital Souza Aguiar com o nariz sangrando muito.

O professor de história Paulo Carvalho, 24, também estava na Lapa. "Eu estava no ponto de ônibus indo para a casa. O choque jogou uma bomba no ponto e o estilhaço pegou na minha cabeça", contou ele, que chegou à unidade de saúde, com uma bandeira do Brasil ensanguentada e chorando muito.

Os homens da tropa de choque da Polícia Militar chegaram a atirar balas de borracha e jogar uma bomba de gás lacrimogêneo contra o hospital. Os policiais tentaram entrar na unidade de saúde, uma das principais da cidade, para deter manifestantes que se refugiaram no local, mas foram impedidos pelos próprios ativistas. "Está um desespero trabalhar aqui dentro hoje", disse uma médica que preferiu não se identificar.

Um estudante de arquitetura do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) afirmou que cerca de 400 pessoas ficaram no prédio do Largo de São Francisco, com medo de sair do local. Eles foram escoltados por alguns membros da comissão de direitos humanos da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) até o metrô. Segundo a reitoria da UFRJ, outras 300 estão abrigadas no prédio da Faculdade Nacional de Direito, no centro.

"Atenção cidadão de bem. Não se deixe envolver por pessoas que usam a multidão para cometer crimes. Se afastem de qualquer atividade destrutiva", diz o Twitter da Polícia Militar do Rio. "Manifestar-se pacificamente não é crime, destruir deliberadamente patrimônios sim", diz outro post, publicado às 22h54.

Confronto

Após a chegada de cerca de 300 mil pessoas ao prédio da prefeitura do Rio de Janeiro, alguns manifestantes que se aproximaram demais da cavalaria da Polícia Militar entraram em confronto com os PMs às 19h. Bombas de efeito moral foram lançadas pelos policiais e houve muita correria no local. Manifestantes jogaram pedras nos policiais e colocaram fogo em sacos de lixo. Segundo a Secretaria Municipal do Rio, 40 pessoas ficaram feridas e foram encaminhadas ao Hospital Souza Aguiar, ao menos seis atingidas por balas de borracha.

O auxiliar de marceneiro Cléber Tavares, 23, disse que foi atingido na confusão. "Jogaram uma pedra ou um pedaço de madeira que atingiu minha cabeça. Fiquei tonto", contou ele que foi atendido por um grupo de voluntários.

Um carro da equipe de reportagem do "SBT" no Rio de Janeiro foi totalmente incendiado na Praça Onze. A emissora informou, ao vivo, que nenhum funcionário ficou ferido no incidente. Um jornalista da "Globonews" foi ferido na cabeça por uma bala de borracha.

Imagens da prefeitura

As câmeras da prefeitura, que transmitem imagens da cidade 24 horas por meio do site do Centro de Operações, substituíram imagens da avenida Presidente Vargas e do prédio da prefeitura, para onde se dirigiram os manifestantes, foram substituídas por cenas do trânsito em outras partes da cidade, como a Avenida das Américas, na Barra da Tijuca, na zona oeste.

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  • http://noticias.uol.com.br/enquetes/2013/06/13/voce-e-a-favor-da-repressao-policial-a-manifestantes.js

Na página Operação Pare o Aumento! Passe Livre Já! Internautas reclamam da falta de imagens. Segundo a assessoria do Centro de Operações, o desvio se deve a um problema técnico e estão sendo colocados prints das câmeras na página do CEOP no Facebook.

Por volta das 19h, quando os cerca de 300 mil manifestantes chegaram ao prédio da prefeitura do Rio de Janeiro, algumas pessoas se aproximaram demais da cavalaria da Polícia Militar e entraram em confronto com os PMs. Bombas de efeito moral foram lançadas pelos policiais e houve muita correria no local. Manifestantes jogaram pedras nos policiais e colocaram fogo em sacos de lixo.

Metrô fechado

As estações Cinelândia, Carioca, Cidade Nova, Uruguaiana e Presidente Vargas, no centro, foram fechadas devido à "insegurança externa", segundo o Metrô Rio. As estações Praça Onze e Central também haviam sido fechadas, mas foram abertas após a chegada de reforço da Polícia Militar. Segundo a assessoria do metrô a medida foi tomada por questões de segurança.

Diversas lojas no centro da cidade também fecharam suas portas mais cedo e vários comerciantes optaram por colocar tapumes em frente as vidraças.

A estação das Barcas S.A na Praça 15 ficou fechada por cerca de meia hora depois que um grupo de manifestantes tentou invadir o local. Segundo a assessoria da empresa, parte da estação foi depredada, mas ainda não é possível precisar os danos. A estação já foi reaberta e o serviço está sendo normalizado.

OS PROTESTOS EM IMAGENS (Clique na foto para ampliar)

  • Manifestante tenta invadir a sede da Prefeitura de São Paulo, na região central da cidade

  • Carro de TV Record é incendiado em frente à Prefeitura de São Paulo durante protestos

  • Manifestante corre ao lado de estabelecimento comercial em chamas no centro de São Paulo

  • PM espirra spray de pimenta em manifestante durante protesto no Rio

  • Em Brasília, manifestantes conseguiram invadir a área externa do Congresso Nacional

  • Milhares de manifestantes tomam a avenida Faria Lima, em SP

  • Após protesto calmo em SP, grupo tenta invadir o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo

  • Manifestantes tentam invadir o Palácio Tiradentes, sede da Assembleia Legislativa do Rio

  • Um carro que estava estacionado em uma rua do centro do Rio foi virado e incendiado

  • Cláudia Romualdo, comandante do policiamento de Belo Horizonte, posa com manifestantes