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MPL anuncia que não vai convocar novas manifestações 'no momento'

Gil Alessi

Do UOL, em São Paulo

21/06/2013 10h02

Após a redução da tarifa dos transportes públicos -- comemorada em ato marcado pela hostilidade contra militantes de partidos -- o MPL (Movimento Passe Livre), que vinha convocando as manifestações desde a semana retrasada, irá suspender temporariamente este tipo de evento.

“O MPL não vai convocar novas manifestações pelos próximos dias. Atingimos nosso objetivo, que era a revogação do aumento, e agora vamos avaliar a situação", afirmou Douglas Belome, do MPL.

O militante também condenou a hostilidade contra os partidos, que marcou os atos em São Paulo e no Rio de Janeiro. "Essas legendas estavam conosco desde o início compondo a luta contra o aumento e pela revogação, não são oportunistas”. 

Belome se mostrou contrário a diversas ‘pautas conservadoras’ que engrossaram a manifestação. “Nos últimos atos pudemos ver pessoas pedindo a redução da maioridade penal e outras questões que consideramos conservadoras. Não endossamos essas reivindicações”.

Segundo Douglas, o MPL luta por transporte público, mas apoia outros movimentos sociais que lutam por uma sociedade mais justa e igualitária. “Continuaremos lutando pela tarifa zero, colhendo assinaturas para viabilizar um projeto de lei nesse sentido.”

O que é o MPL

Organizado nacionalmente desde 2005, o Movimento Passe Livre se define como "apartidário, mas não antipartidário". Defende a "expropriação do transporte coletivo" sem indenização e apoia "movimentos revolucionários que contestam a ordem vigente". Essas diretrizes constam da Carta de Princípios, documento aprovado em paralelo ao 5º Fórum Social Mundial, ocorrido em janeiro de 2005, em Porto Alegre.
 
A única modificação feita desde então foi aumentar o objetivo do movimento: de passe livre estudantil para passe livre "irrestrito". De hierarquia "horizontal", o MPL evita lideranças individuais. Os documentos aprovados são assinados apenas pelo movimento. Outra orientação é ser "ser cauteloso" com a "mídia corporativa", pois é ligada "às oligarquias do transporte e do poder público".
 
Sobre as "perspectivas estratégicas", o MPL diz que não tem "fim em si mesmo". A meta é "fomentar a discussão sobre aspectos urbanos como crescimento desordenado das metrópoles, especulação imobiliária e a relação entre drogas, violência e desigualdade social".
 
Além de São Paulo, o MPL, formado principalmente por universitários, está organizado pelo menos em outras seis cidades brasileiras, incluindo as capitais Brasília, Vitória, Florianópolis e Goiânia.
 
"Trata-se, em certo sentido, de algo, se não inédito, ao menos relativamente novo no âmbito das lutas urbanas das últimas décadas", afirma o geógrafo Marcelo Lopes de Souza, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e simpatizante do MPL.
 
"O predomínio sempre foi de formas de organização vertical e mais ou menos centralizada", completou.