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PMs do Carandiru começam a ser interrogados em júri; cinco de 25 réus falarão

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

31/07/2013 06h00Atualizada em 31/07/2013 11h49

Começaram nesta quarta-feira (31) no Fórum Criminal da Barra Funda, zona oeste de São Paulo, os interrogatórios dos policiais militares acusados da morte de 73 presos do terceiro pavimento do pavilhão 9 do Carandiru. O total de mortos equivale a quase 70% do massacre de 111 detentos registrado na unidade prisional em 2 de outubro de 1992. A sessão que começaria às 10h teve início às 11h45.

A exemplo do primeiro júri, realizado em abril, apenas alguns dos réus deverão falar aos jurados. De 25 nomes, segundo a assessoria do Tribunal de Justiça de São Paulo, apenas cinco aceitaram ser interrogados.

O primeiro a falar no júri é o coronel Valter Alves Mendonça, inativo há um ano e meio e capitão da Rota à época do massacre.

Ao todo, eram 26 os policiais julgados nesta fase, mas nessa terça-feira (30) o Tribunal de Justiça informou que, de três ausentes ao júri, um já morreu. Os outros dois apresentaram atestados médicos.

Com a morte do PM confirmada hoje, o processo do Carandiru soma agora 78 réus –inicialmente, eram 84– que respondem por 111 mortes. A classificação de massacre para a ação da PM na unidade foi dada pela OEA (Organização de Estados Americanos) no ano 2000.

A fase de depoimentos de testemunhas foi encerrada ontem, com as seis apresentadas pela defesa. Destas, porém, as duas únicas inéditas são também as únicas testemunhas protegidas até agora –nem o nome nem o conteúdo do que disseram foi divulgado.

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Depuseram em plenário novamente o ex-secretário de Segurança Pública do Estado Pedro Franco de Campos e o ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho. Autoridades à época do massacre, eles defenderam a ação da PM para conter o que definiram como uma rebelião de presos que poderia se espalhar a outros pavilhões do Carandiru.

Além de Fleury e Campos, também falaram como testemunhas de defesa, mas em depoimentos em vídeo –reaproveitados de abril–, dois desembargadores do TJ-SP que estiveram presentes ao Carandiru horas depois do massacre.

Para a quinta-feira (1º), está programada a leitura de partes do processo, por parte dos jurados, e a exibição de vídeos por defesa e acusação. Os debates entre as partes acontecem na sexta-feira (2). A divulgação da sentença pode entrar na madrugada de sábado (3). Se condenados, os réus podem pegar até 876 anos de prisão –12 anos de pena mínima para cada uma das mortes.