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Salvador estuda trazer restos mortais de Thomé de Sousa para o Brasil

Túmulo de Thomé de Sousa, em que se lê "Sepultura de Thomé de Sousa e de D. Maria da Costa, sua mulher" - Divulgação/Prefeitura de Salvador
Túmulo de Thomé de Sousa, em que se lê "Sepultura de Thomé de Sousa e de D. Maria da Costa, sua mulher" Imagem: Divulgação/Prefeitura de Salvador

Do UOL, em São Paulo

06/08/2013 16h17

Salvador pretende trazer os restos mortais do primeiro governador-geral do Brasil, Thomé de Sousa, para repousar em solo soteropolitano. Uma comissão especial vai realizar estudos para viabilizar o traslado do fundador da capital baiana, hoje enterrado em um antigo mosteiro na cidade de Vila Franca de Xira, em Portugal. A proposta é captar recursos na iniciativa privada para construção de memorial cujo local ainda está sendo analisado.

O advogado Ademir Ismerim, que integra a comissão, disse que, nos últimos anos, viajou algumas vezes para Portugal, procurando pistas sobre o local onde o governador-geral foi enterrado.

Ele tinha algumas dicas que encontrou no livro “O fundador”, de autoria de Aydano Roriz. Finalmente, chegou aos registros da Prefeitura de Vila Franca de Xira, onde encontrou o local do túmulo. Lá, num convento que hoje é propriedade particular, Thomé de Sousa estava enterrado como uma pessoa comum, junto com sua mulher, Maria da Costa.

Agora, o objetivo é tratar com o proprietário do terreno, a prefeitura local e o governo do Portugal, através do Itamaraty, de forma a viabilizar o traslado do fundador de Salvador dos restos mortais. E desenvolver um projeto para instalação do memorial dedicado a Thomé de Sousa.

Segundo o presidente da Fundação Gregório de Matos, Fernando Guerreiro, no momento os dois pontos com maiores chance de abrigar o monumento são o Centro Histórico (praça Municipal) e a Península de Itapagipe, que vai passar por um processo de requalificação com recursos públicos e privados. Guerreiro destacou que a vinda dos restos mortais para a Bahia é importante marco para a história do Brasil.

“Com a memorial, as pessoas terão mais acesso ao início da nossa história. Isso é importante para promover debates na sociedade. O local também poderá ser um importante ponto de visitação para escolas e todos moradores ou turistas que queiram conhecer mais sobre a história do Brasil”, afirmou o presidente da FGM.

Quem foi Thomé de Sousa

Thomé Sousa nasceu e morreu da cidade de Rates. Há discordância sobre a data de seu nascimento. Alguns atribuem ao ano de 1515, indicando que ele completaria 500 anos de 2015, enquanto outros falam de 1503. Ele aportou em Salvador, na Barra, no dia 29 de março de 1549, após o fracasso do modelo das capitanias hereditárias para colonização e ocupação do território brasileiro. 

Sua função como governador-geral era coordenar a colonização fortalecendo as capitanias contra as resistências indígenas, além de fiscalizar as capitanias e apoiar a cultura de cana-de-açúcar. Junto com Thomé de Sousa vieram soldados, colonos, materiais para se construir a cidade e alguns animais.

Ele proporcionou o grande desenvolvimento da agricultura e pecuária. Preocupado com o perigo real de invasões de piratas estrangeiros e na manutenção do domínio português, o governador-geral distribuiu armas e munições aos colonos e construiu várias fortalezas em áreas estratégicas.

Com ele também chegaram os primeiros jesuítas, chefiados por Manuel da Nóbrega, para iniciar a evangelização dos índios, criando também o primeiro colégio do Brasil. Nesse período foi criado o primeiro bispado do Brasil.

A cidade de Salvador foi fundada para instalação a sede do novo governo. Thomé de Sousa fundou a cidade do Salvador, onde edificou a residência do governador, a Casa da Câmara, a Igreja Matriz, Colégio dos Jesuítas e, aos poucos, outros edifícios.

Thomé de Sousa trouxe com ele o Regimento de 17 de dezembro de 1548 que continha orientações precisas sobre a organização do poder público, fazenda,  Justiça, defesa, fundação de uma capital - e sobre temas relevantes como as relações com os indígenas e sua catequese e o estímulo às atividades agrícolas e comerciais. Em 1553 volta a Portugal onde morre em 1579, na cidade em que nasceu.