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Veja dez dúvidas que ainda não foram esclarecidas sobre chacina em São Paulo

Do UOL, em São Paulo

07/08/2013 11h44

A Polícia Civil de São Paulo tem uma lista de ao menos dez dúvidas (veja quadro) para esclarecer no caso dos policiais militares mortos na Brasilândia, zona norte da capital, na madrugada da última segunda-feira (5). O principal suspeito dos crimes é o filho de 13 anos do casal, o estudante Marcelo Eduardo Bovo Pesseghini, também encontrado morto na residência em que ele morava com os pais --a cabo Andréia Regina Bovo Pesseghini, 36, e o sargento da Rota (tropa de elite da PM) Luís Marcelo Pesseghini, 40.

Dúvidas não esclarecidas sobre o crime da Brasilândia

- como os vizinhos não ouviram o barulho de tiros que mataram cinco pessoas?
- se de fato matou quatro pessoas e a si próprio, como Marcelo não tinha vestígios de pólvora nas mãos?
- como o menino teria cometido os assassinatos, ido à escola e, mesmo assim, ter cabelos nas mãos quando morreu?
- como um menino “dócil e amoroso” com os pais, segundo familiares e vizinhos, teria sido capaz de um crime tão violento?
- qual o motivo de Marcelo ter colocado um revólver calibre 32 na mochila, se a arma usada para todos os assassinatos foi uma pistola .40?
- por que o depoimento de um adolescente de 13 anos é mais relevante para a polícia formular um juízo de valor do que o de testemunhas adultas que ainda nem foram ouvidas?
- onde os pais de Marcelo guardavam as armas em casa?
- que horas e em que sequência as vítimas foram assassinadas?
- por que só a mãe do menino, a cabo Andréia, estava em posição de submissão ao ser morta?
- a cena do crime poderia ter sido forjada?

A reportagem do UOL listou ao menos dez questões ainda não respondidas pela Polícia Civil, que investiga o caso e que ontem (6) praticamente descartou a existência de outros suspeitos, que não o filho dos policiais. Além de pai, mãe e filho, também foram mortas a avó do estudante, Benedita de Oliveira Bovo, 65, e a tia-avó dele, Andreia, Bernadete Oliveira da Silva, 55. Ambas moravam em uma casa em frente à dos PMs.

Para o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), responsável pelas investigações do caso, Marcelo é o único suspeito de cometer os crimes. Entre os indícios estão imagens de circuitos de câmeras que o mostram saindo do carro da mãe, abandonado próximo ao colégio em que ele estudava, na manhã de segunda (quando a família já estava morta), e o depoimento de um "amigo mais chegado" --segundo o delegado Itagiba Franco, do DHPP --segundo o qual Marcelo teria confidenciado a ele desejo de matar os pais e fugir, de carro, para morar um um lugar desconhecido.

"Desejo manifestado pelo Marcelo: ele sempre me chamou para fugir de casa para ser um matador de aluguel. Ele tinha o plano de matar os pais durante a noite, quando ninguém soubesse, e fugir com o carro dos pais e morar em um local abandonado", afirmou o delegado em entrevista coletiva, ontem, citando o trecho do depoimento da testemunha. 

Familiares e vizinhos da família, entretanto, contestam a hipótese de assassinato seguido de suicídio, conforme defendido pela polícia.

Nos próximos dias, serão ouvidas novas testemunhas e será finalizada a perícia nas armas encontradas na casa --a pistola .40 da mãe do menino, usada nas mortes e um revólver calibre 32 encontrado na mochila de Marcelo --e no carro da PM. Segundo a Polícia Civil, o exame residuográfico não constatou presença de pólvora nas mãos do adolescente.

Exames de material colhido das vítimas tentará responder, também, se elas foram sedadas antes de serem mortas. Das quatro mortes, fora a de Marcelo, apenas a mãe do menino não estava em posição de quem dormia no momento do crime. A policial estava de joelhos e com as mãos à altura da cabeça.