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Suspeito por chacina em SP aprendeu a atirar e a dirigir com os pais, diz delegado

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

08/08/2013 18h09Atualizada em 08/08/2013 19h03

Relatos ainda não oficiais de vizinhos e o depoimento de um policial militar revelaram à Polícia Civil de São Paulo, nesta quinta-feira (8), que o estudante Marcelo Pesseghini, 13, havia aprendido a dirigir com a mãe, a cabo da PM Andréia Pesseghini, 36, e a atirar com o pai, o sargento da Rota (tropa de elite da PM) Luís Marcelo Pesseghini, 40. O adolescente é até agora o único suspeito de ter matado o casal, a avó e a tia-avó e, em seguida, causado a própria morte.

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As informações são do delegado que preside as investigações do caso pelo DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa), Itagiba Franco, que se disse surpreso com a “contestação quase nacional sobre o meu trabalho”. “Ouço, assimilo, mas sigo aquilo em que estou acreditando. Sigo minha consciência e meu coração e, se houver algo ou qualquer indício que venha a nos tirar desse foco [de que Marcelo é o único autor da chacina], vou chegar e dizer: ‘Eu errei’”.

De acordo com o delegado, um policial militar que trabalhava com a cabo disse ter visto o sargento ensinar o próprio filho a atirar e visto Andréia ensinar o estudante como dirigir o carro dela, um Corsa sedan, encontrado próximo ao colégio de Marcelo na última segunda (5).

As vítimas foram todas mortas com um tiro na cabeça disparado por uma pistola .40 pertencente à cabo da PM. Outras três armas que pertenciam ao sargento foram localizadas em uma perícia complementar em um armário da sala em que pai, mãe e filho morreram.

Ainda conforme o policial, o relato de uma vizinha a emissoras de TV no qual Marcelo é descrito como alguém "extremamente habilidoso" ao dirigir e que "sempre tirava o carro da mãe da garagem da casa" interessou às investigações --ela deve depor nesta quinta (8).

Até então, a polícia relacionava Marcelo apenas a armas de brinquedo –encontradas em grande quantidade no  quarto dele, juntamente com um colete de papelão que imitava o da Tropa de Choque, além de um coldre de ombro feito de fitas.

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O depoimento do PM amigo da policial assassinado reforça a tese da polícia de que o estudante teria sido o autor, uma vez que imagens de câmeras de segurança das proximidades do colégio, diz o delegado, o mostram deixando o veículo pelo lado do motorista por volta das 6h30 de segunda. Na sequência, Marcelo surge de mochila e uniforme escolar em direção ao colégio.

"Marcelo era um garoto forte", diz delegado

Em resposta a especialistas e familiares que vêm contestando as investigações que apontam Marcelo como autor dos disparos, o delegado sugeriu: “Não levem em conta aquela foto [da família em um evento da Rota, publicada no Facebook da cabo Andréia]. Aquilo é foto antiga. O Marcelo era um garoto forte, com mais de 1,60 m –não era uma criança com um metro de altura”, disse.

Franco enfatizou que a investigação ainda não está concluída –o inquérito tem 30 dias para ser finalizado. “É improdutivo estar em guerra com a família. Não quero denegrir ninguém, quero estabelecer a verdade.”

Questionado sobre o fato de as três armas localizadas na sala da casa dos PMs só ter sido encontrada em uma perícia complementar, já na noite de terça-feira (6), Franco argumentou que a demora no exame nos cinco corpos, na segunda à noite, impossibilitou um exame mais apurado do local.

“Eram cinco corpos para ser analisados, fomos até de madrugada –aí determinei que os trabalhos fossem encerrados e retomados depois”, afirmou. “Não estamos escondendo nada, estamos trabalhando de forma aberta, tranquila e honesta”, concluiu.

Ainda esta semana, o DHPP deve tomar novo depoimento do amigo mais próximo de Marcelo, um estudante também de 13 anos, além de testemunhas e outros professores do colégio.

"Hoje é meu último dia na escola", teria dito estudante a amigo

Em um primeiro depoimento, o estudante disse aos policiais que Marcelo teria confessado a ele o desejo de ser um matador de aluguel e de matar os pais e fugir a um local abandonado.

“O que não me ocorreu de dizer [até então] é que esse mesmo amigo disse, no depoimento, que algumas vezes o Marcelo disse assim: ‘Hoje é meu último dia na escola. Amanhã não volto mais’. Mas, como sempre voltava, ninguém dava muita bola –e quem poderia esperar por isso?”, indagou o delegado.

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