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Em carta a prefeito do Rio, papa pede "atenção" a moradores de Guaratiba

Guaratiba, antes um manguezal coberto de mato, havia sido escolhido pela organização da Jornada para receber a vigília e a missa de encerramento - Marco Antônio Teixeira
Guaratiba, antes um manguezal coberto de mato, havia sido escolhido pela organização da Jornada para receber a vigília e a missa de encerramento Imagem: Marco Antônio Teixeira

Do UOL, no Rio

24/08/2013 11h38

O papa Francisco enviou uma carta ao prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), no último dia 2 de agosto, segundo informou o próprio chefe do Executivo carioca na noite de sexta-feira (23) em sua página do Twitter. Na carta, o pontífice pede que Paes dê “uma atenção especial” aos moradores de Guaratiba, na zona oeste da capital fluminense.

“Queria também pedir, no pleno respeito à autonomia governamental do município, que fosse dada uma atenção especial aos moradores deste bairro [Guaratiba], que tanto sonharam com a realização dos atos centrais da Jornada na sua vizinhança”, escreveu Francisco.

A vigília de oração e a missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude, que aconteceu entre os dias 23 e 28 de julho no Rio, estavam programadas para acontecer no Campus Fidei, construído no bairro. O local foi dispensado pelos organizadores  do evento por ter virado um lamaçal.

Anunciado como a "terra prometida" da JMJ em novembro de 2012, o terreno de Guaratiba, de 1,7 milhão de metros quadrados, foi preparado durante cinco meses. Não pôde ser usado para a missa campal e a vigília após dias de chuva incessante no Rio. As atividades foram então transferidas para Copacabana.

O uso do terreno está sendo investigado pelo Ministério Público, por se tratar de uma Área de Proteção Permanente. Suspeita-se de loteamento irregular, aterro clandestino e presença de milícia na região. Parte do terreno teria entre os donos o empresário Jacob Barata Filho, um dos principais donos de empresas de ônibus do Rio.

Banheiros do papa

Aos moldes do filme uruguaio "O Banheiro do Papa" (2007), que conta a história de um contrabandista que gastou todas as suas economias na construção de um banheiro para receber os peregrinos que passariam pelo pequeno vilarejo de Melo, na fronteira do país com o Brasil, por conta da visita do papa João Paulo 2º, o marmoreiro Rodrigo Silva empenhou R$ 10 mil para erguer 12 toaletes ao lado da sua casa, localizada em frente ao Campus Fidei.

 "E ainda tenho que pagar os pedreiros segunda-feira", lamenta Rodrigo, que como o personagem Beto, do filme dos diretores Enrique Fernandez e Cesar Charlone, viu os lucros da visita papal evaporarem sem deixar vestígios.

A Jornada prometia levar cerca de 2 milhões de pessoas a Guaratiba, bairro pobre e quase rural localizado a cerca de 60 quilômetros do centro, nas franjas da cidade, e chegou a ser comparada pela prefeitura à organização de duas festas de ano novo e um Natal, tamanha a sua grandiosidade.

“Faça o que quiser”

O papa ainda agradeceu, em sua carta, à “licença” dada por Paes para “fazer o que quisesse” na cidade durante sua passagem pelo Rio. “Queria ainda dizer, de modo especial, muito obrigado pela sua licença: ‘Faça o que quiser’.  E assim pude fazer.”

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