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Melhora em índices de desenvolvimento manterá contraste em regiões, diz IBGE

Julia Affonso

Do UOL, no Rio

29/08/2013 10h00Atualizada em 30/08/2013 08h59

Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgados nesta quinta-feira (29) indicam a queda da mortalidade infantil e o aumento da expectativa de vida no Brasil até 2030. Os números, no entanto, não devem diminuir as diferenças regionais do país. O contraste entre as regiões brasileiras mais e menos desenvolvidas economicamente deve-se manter nos próximos 27 anos.

Atualmente, a diferença entre Maranhão, Estado com maior taxa de mortalidade infantil, e Santa Catarina, o de menor taxa, é de 14,6 pontos percentuais. De acordo com a projeção, o índice estará em 14,9 em 2030. Neste ano, estima-se que no Maranhão morram 24,8 crianças a cada mil nascidos vivos. Na outra ponta, está Santa Catarina, com 10,1 crianças.

Expectativa de vida ao nascer - 2000/2060

200069,8 anos
201073,9 anos
202076,7 anos
203078,6 anos
204079,9 anos
205080,7 anos
206081,2 anos
  • Fonte: IBGE

Já para 2030, o IBGE prevê que nos extremos estarão o Amapá, com taxa de mortalidade infantil de 20,5, e o Paraná, com 5,6. A polaridade segue entre norte e sul do país.

Expectativa de vida

Segundo a projeção, a expectativa de vida média no país, que hoje é de 74,84 anos, atingirá 78,64 anos em 27 anos. Os números são baseados no Censo Demográfico 2010 e indicam que o brasileiro deverá viver, em média, 3,8 anos a mais, se comparados os anos de 2013 e 2030. A região Sul ficará à frente da média brasileira, enquanto a região Norte crescerá menos do que a média do país.

O Sul, que em 2013 teve a expectativa estimada em 76,87 anos, ampliará sua diferença em relação à média brasileira, atingindo 81,03 anos de expectativa de vida em 2030. Se neste ano a projeção para o Sul ficou dois anos à frente da média do país, ela ficará em 2,4 anos em 2030.

No Norte, a expectativa crescerá menos do que a média do país. Se hoje os nortistas vivem, 3,3 anos abaixo da média brasileira, esta diferença crescerá para 3,9 anos em 2030. Das outras regiões cuja população vive abaixo da média nacional, o Centro-Oeste também terá um crescimento de a expectativa de vida menor do que a média nacional.

População total - 2000/2060

2010195.497.797
2020212.077.375
2030223.126.917
2040228.153.204
2050226.347.688
2060218.173.888
  • Fonte: IBGE

Estados

A expectativa de vida em Santa Catarina deve ser nove anos maior do que no Piauí em 2030. O Estado do sul terá a maior expectativa do Brasil, com uma estimativa de 82,3 anos da população. Já o Piauí terá o menor índice do país: 73,4 anos.

Hoje, os extremos de expectativa estão em Santa Catarina (78,1 anos) e no Maranhão (69,7 anos). A diferença entre os Estados com maior e menor expectativa de vida está em 8,4 anos.

Para 2030, o IBGE prevê que o Estado campeão de expectativa de vida continue sendo Santa Catarina, com 82,3 anos. No entanto, em vez do Maranhão, caberá ao Piauí a última posição regional em expectativa de vida, com 73,4 anos. A diferença entre o campeão e o lanterna saltará, portanto, de 8,4 para 8,9 anos, acentuando a desigualdade.

Segundo os dados do estudo, os idosos no Brasil deverão representar 26,7% da população (58,4 milhões de idosos para uma população de 218 milhões de pessoas), em 2060. Os dados do estudo, baseados no Censo Demográfico 2010, projetam o percentual em 2013 para 7,4% de idosos (6,3 milhões de idosos em um população de 99,3 milhões de pessoas).

População

A população brasileira deve começar a diminuir em 2043. Baseado em dados do Censo Demográfico 2010, o estudo projeta a população total do Brasil em 201 milhões de habitantes em 2013, atingindo 212,1 milhões em 2020, até alcançar o máximo de 228,4 em 2042. A partir de então, o número deve começar a cair, atingindo o valor de 218,2 em 2060, o mesmo projetado para 2025.

De 2042, quando o contingente populacional atingirá seu ápice, com 228 milhões de pessoas, até 2060, ano em que haverá 218,1 milhões de habitantes no Brasil, o país perderá 10,1 milhões de habitantes. O número chega próximo à perda de uma cidade de São Paulo. Segundo o Censo de 2010, a capital paulista tem 11,2 milhões de habitantes.

Em 2060, as mortes serão 62% superiores aos nascimentos, o que significa que, para cada 100 mortes no Brasil, apenas 62 pessoas irão nascer. O último ano em que os nascimentos vão superar as mortes será 2042. Já no ano seguinte, em 2043, as mortes superarão os partos em 2%, aumentando esse percentual gradualmente até 2060.

Migração

Segundo a projeção, as maiores perdas de população, em 2030, serão na Bahia e no Maranhão. Por outro lado, os maiores ganhos populacionais serão de Santa Catarina, São Paulo e Goiás, seguindo a tendência observada nos últimos anos.

  • Arte/UOL

Para o pesquisador Gabriel Borges, um dos responsáveis pelo estudo de projeção populacional, mesmo com a diminuição do fluxo em determinados estados, os números continuam importantes.

"Há muitos fatores para as pessoas migrarem, mas de forma geral, a maior parte dos fluxos se dá pelo aspecto de desenvolvimento econômico. As pessoas vão em busca de oportunidades de trabalho", explica ele.

De acordo com as projeções para a migração internacional, o percentual de pessoas que sairá do país vai aumentar até 2020, quando atingirá 0,001 da população. A partir de então, a taxa vai cair até 2035, quando o percentual será o mais baixo desde o ano 2000, em torno de 0,0002.