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Polícia do Rio vai reconstituir desaparecimento de Amarildo no domingo

Amarildo foi levado à sede da UPP, em uma localidade conhecida como Portão Vermelho, no alto da comunidade - Zulmair Rocha/UOL
Amarildo foi levado à sede da UPP, em uma localidade conhecida como Portão Vermelho, no alto da comunidade Imagem: Zulmair Rocha/UOL

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

30/08/2013 15h23

A Divisão de Homicídios da Polícia Civil do Rio de Janeiro vai fazer, na tarde de domingo (1º), uma reconstituição do desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, 43, na comunidade da Rocinha, na zona sul da capital fluminense, onde ele morava com a mulher e seis filhos e onde foi visto pela última vez, no dia 14 de julho. A polícia informou que a reprodução simulada vai acontecer a partir das 15h.

Na quinta-feira (29), a 15ª Promotoria de Investigação Penal do MPRJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) encaminhou à Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania uma representação solicitando a análise para abertura de uma ação civil pública que pede a expulsão de cinco policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha. A promotoria só poderá ajuizar a ação após a análise solicitada.

Entre os PMs, está o major Edson Raimundo dos Santos, comandante da unidade. A proposta de ação, enviada nesta quinta-feira (29) pela promotora Marisa Paiva da Costa, aponta que houve improbidade administrativa por parte dos PMs na operação "Paz Armada", durante a qual Amarildo foi levado para a sede da UPP e nunca mais foi visto. A operação tinha como objetivo combater o tráfico de drogas na comunidade.

Além do major Edson,  foram citados os policiais Rodrigo de Macedo Avelar da Silva, Douglas Roberto Vital Machado, Rafael Adriano Silva de Carvalho e Vitor Luiz Evangelista. O documento requer ainda a suspensão do porte e o recolhimento das armas acauteladas nos nomes dos PMs, além da devolução de seus distintivos.

A Coordenadoria de Polícia Pacificadora afirmou que proposta de ação civil pública "é uma iniciativa de uma promotora” e informou que o comando da PM vai aguardar a decisão do Judiciário. "Em relação a esta questão, há um inquérito policial em andamento na DH (Delegacia de Homicídios) e um inquérito Policial Militar na Corregedoria da PM, e ambos os procedimentos estão sendo acompanhados por promotores do Ministério Público", disse o órgão, em nota.

Desaparecimento

Segundo a mulher dele, Elizabete Gomes, Amarildo foi levado por PMs da porta da casa da família até a base da UPP "para averiguação". De acordo com o comandante da unidade, major Edson dos Santos, ele foi liberado em seguida, quando se constatou que ele havia sido confundido com outra pessoa, e deixou o local caminhando.

As duas câmeras de monitoramento da base da UPP, que poderiam confirmar a versão do oficial, não estavam funcionando naquela noite. Os equipamentos de GPS (Sistema de Posicionamento Global, por satélites) dos carros da unidade que levaram Amarildo até a base também estavam desligados. Não foi possível saber, portanto, o trajeto percorrido.

A Divisão de Homicídios da Polícia Civil trabalha com a hipótese de assassinato, cometido por policiais militares da UPP ou por traficantes de drogas da região.