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'PMs jogaram cachorros em cima da imprensa', diz fotógrafo ferido no DF; 50 são detidos

Guilherme Balza

Do UOL, em Brasília

07/09/2013 15h56Atualizada em 07/09/2013 19h50

O fotógrafo Ueslei Marcelino, da agência Reuters, se machucou no momento em que tentava fugir dos cães controlados por homens do batalhão de Choque durante protesto nos arredores do estádio Mané Garrincha, em Brasília, onde Brasil e Austrália se enfrentaram neste sábado (7). Ele suspeita que tenha torcido o joelho na fuga. "Os policiais jogaram os cachorros em cima da imprensa, foi na maldade mesmo. Gritaram 'pega, pega'", afirmou ao UOL.

Em seguida, diz Marcelino, os policiais o cercaram e o jogaram "de qualquer maneira" dentro de um carro do Choque, mesmo ele reclamando que estava com dor, até a chegada da ambulância do Samu.

O fotógrafo foi levado de ambulância ao Hospital de Base onde fez um raio X, que não detectou fratura. Procurada, a PM nega que os policiais tenham ameaçado jornalistas com cães e afirma que o fotógrafo caiu sozinho.

O fotógrafo Fábio Braga, da "Folha de S.Paulo", também foi atacado por cachorros da PM, mas não ficou ferido.

Ao menos 50 manifestantes foram presos em Brasília neste sábado (7), segundo informou a Polícia Militar no início da noite. Dos 50, 15 eram menores. A PM informou que todos foram detidos por desacato ou dano ao patrimônio público e foram liberados na sequência.

Antes, a PM havia informado que um dos detidos portava uma granada de gás lacrimogêneo na mochila e outro foi pego com uma porção de maconha. Um mascarado que não quis se identificar foi detido no início da manhã, na rodoviária do Plano Piloto.

A reportagem do UOL presenciou duas prisões: um rapaz foi agredido com golpes de cassetetes, enquanto estava no chão, e detido no momento em que um grupo tentava invadir a sede da Globo e depredava lojas de um prédio vizinho à emissora. O homem ficou para trás do grupo e acabou sendo preso pela PM. Um menor com 17 anos foi detido por volta de 14h no momento em que tentava, junto com um pequeno grupo, parar a W3 Sul, perto do Setor Hoteleiro Norte. 

A PM usou spray de pimenta para impedir que eles atravessassem a pista e deteve o menor. Segundo o irmão dele, a prisão foi aleatória. A PM não soube informar a razão da detenção. Os detidos estão em um posto da PM e serão conduzidos de ônibus até a Delegacia de Polícia Especializada.

A reportagem verificou que grande parte dos policiais que atuaram nos protestos não estava usando identificação nos coletes.

Tentativa de invasão à Globo

Um grupo de manifestantes, a maioria deles usando máscaras, tentou invadir a sede da TV Globo, localizada na região central de Brasília, por volta das 13h deste sábado (7). Eles participavam do protesto que teve início na Esplanada dos MInistérios, passou pela rodoviária central e seguia em direção ao estádio Mané Garrincha, palco do duelo entre as seleções do Brasil e da Austrália a partir de 16h.

A maior parte dos participantes do ato não se envolveu na confusão. Participaram do protesto ativistas identificados como Black Blocs (movimento que promove atos de vandalismo como forma de protesto) e organizações da juventude, como o Levante Popular da Juventude, o Juntos (ligado ao PSOL) e a Anel (ligada ao PSTU).

Os Black Blocs atiraram pedras contra o prédio da emissora, atingindo carros que estavam no estacionamento, e tentaram arrombar a porta que dá acesso ao prédio. Os poucos seguranças que estavam no local conseguiram evitar a invasão, utilizando, inclusive, um jato d'água. Com a chegada do batalhão de Choque,  os manisfestantes correram e passaram a quebrar vitrines de estabelecimentos comerciais de um prédio vizinho à Globo. 

Em seguida, o Choque disparou bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral contra o grupo, que revidou atirando pedras. Um manifestante, que ficou para trás, foi agredido e detido pela PM. 

Após o confronto, a manifestação se dispersou. Um dos grupos atirou pedras contra a vitrine de uma loja da concessionária JAC Motors e quebrou vidros de um carro que estava em frente à concessionária. Minutos depois, a Rotam e o batalhão de Choque voltaram a jogar bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes. No tumulto, policiais da Rotam ameaçaram jogar os carros em que estavam em direção a um grupo que atravessava a rua, assustando-o.

Segurança na Esplanada dos Ministérios continua reforçada mesmo após desfile

Por volta de 14h30, cerca de 500 manifestantes tentaram se aproximar do estádio Mané Garrincha, mas foram reprimidos pela polícia, que usou grande efetivo para contê-los. Além do batalhão de Choque, que disparou dezenas de bombas de gás e efeito moral, foram mobilizados a cavalaria, helicópteros e dezenas de carros e blindados.

Congresso

O ato começou em frente ao Congresso Nacional, logo após o desfile cívico na Esplanada dos Ministérios. Mais cedo, ativistas tentaram ultrapassar uma barreira policial e invadir o Congresso, mas foram contidos pela PM, que usou spray de pimenta em três momentos.

Os manifestantes carregam cartazes, apitam e gritam palavras de ordem. Entre as reivindicações, estão o fim do voto secreto no Congresso, protesto contra a corrupção e contra a TV Globo.

Na expectativa de que os atos pudessem reunir mais de 40 mil pessoas --além do público que participou do desfile da Independência, 15 mil, segundo a PM--, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal colocou mais de 4.000 homens para atuar neste sábado.

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