Topo

Impasse impede saída de barcos do Recife, e Fernando de Noronha sofre com desabastecimento

Gôndolas dos supermercados ficam vazias em supermercado de Fernando de Noronha - Divulgação
Gôndolas dos supermercados ficam vazias em supermercado de Fernando de Noronha Imagem: Divulgação

Carlos Madeiro

Do UOL, em Maceió

12/09/2013 11h40

Os 2.837 moradores e os turistas que visitam o arquipélago de Fernando de Noronha (PE) estão sofrendo com o desabastecimento de mercadorias.

O problema é fruto de um impasse entre comandantes de embarcações e Capitania dos Portos de Pernambuco.

Há duas semanas, a Capitania dos Portos passou a exigir a habilitação de capitão-amador --necessária para navegar em distâncias maiores que 20 milhas náuticas (equivalente a 37 km).

Como a maioria dos responsáveis pela embarcação não possuem o documento, o resultado foi o acúmulo de dez barcos no porto do Recife --todos carregados e prontos para viagem, mas sem autorização para saída.

Segundo os barqueiros, não há profissionais habilitados no Recife, nem há disponibilidade em Estados vizinhos.

Outro problema é que o curso exigido para aumentar o nível de habilitação não é dado na capital pernambucana.

Com isso, alegam estar impossibilitados de levarem as mercadorias.

Desabastecimento

Sem as viagens dos barcos, os mercados de Fernando de Noronha estão sofrendo com o desabastecimento. “A única fruta que temos para vender é melancia, porque é plantada aqui em Noronha mesmo”, disse nesta quinta-feira (12) a proprietária do supermercado Poty, Maria José Ribeiro.

Segundo ela, a população tem feito queixas frequentes sobre o problema, mas alega que não tem como resolver sem a saída de barcos do Recife. “Hoje ainda tem alguma coisa, mas se não sair o barco até amanhã, no fim de semana vai faltar trigo, água, e frios em geral”, disse.

Ribeiro afirma que a solução seria trazer mercadorias por avião, o que iria encarecer sobremaneira os produtos.

“Trazer tudo em avião não justifica. As aeronaves das companhias não têm porão suficiente. Além disso, se paga um frete de R$ 3,55 [por quilo]. Com esse preço, quanto ficaria o preço do pão aqui? Repassar o custo ao consumidor não é justo”, afirmou.

A Capitania dos Portos informou que deve se pronunciar oficialmente nessa sexta-feira (13), mas que está tentando buscando uma solução para o caso o mais breve possível.

Em nota enviada ao UOL, o administrador de Fernando de Noronha, Romeu Batista, afirmou algumas medidas estão sendo tomadas para tentar evitar o desabastecimento.

"Na quarta-feira, chegou ao arquipélago um carregamento de diesel e gasolina. Na última terça-feira, de gás de cozinha. Os alimentos que abastecem os supermercados estão chegando de avião. Nesta quinta-feira (12), haverá uma reunião sobre o assunto. Até o final da tarde os órgãos competentes vão se pronunciar", informou.