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Taquarituba (SP) levará "no mínimo 4 anos" para se recuperar de tornado, diz prefeito

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

24/09/2013 13h11Atualizada em 24/09/2013 15h49

O prefeito de Taquarituba (a 327 km de São Paulo), Miderson Janello Milléo (PSDB), disse nesta terça-feira (24) que a cidade deve levar "no mínimo quatro anos" para recuperar a vida econômica após o tornado que, no último domingo (22), deixou dois mortos e dezenas de feridos.

Em entrevista ao UOL, o tucano, reeleito e no exercício de seu quarto mandato, afirmou que os maiores danos ao município, que teve decretado estado de calamidade pública, foram registrados no parque industrial no qual estavam instadas 37 empresas --todas completamente destruídas. A maioria delas era ligada à agroindústria.

Indícios apontam para tornado

  • Segundo Vagner Anabor, professor de meteorologia da UFSM (Universidade Federal de Santa Maria-RS), além dos registros fotográficos da clássica nuvem em formato de funil, que ajudam a confirmar a ocorrência do tornado em Taquarituba (328 km de São Paulo).

    A velocidade registrada (cerca de 110 km/h) está próxima da primeira escala de intensidade dos tornados, a F1, que abrange ventos de 117 km/h a 180 km/h --na categoria F5, a mais intensa, os ventos variam entre 420 km/h e 511 km/h.

    O professor afirma que os tornados têm mais chances de ocorrer nos Estados do Sul do país --chegando, inclusive, aos municípios paulistas que estão próximos à divisa do Paraná, como é o caso de Taquarituba--, no Paraguai e no Norte da Argentina.

"Os cilos e armazéns foram ao chão, todos, com maquinário e mercadoria armazenada. Ainda não quantificamos a perda, mas alguns tinham R$ 20 milhões apenas de produto estocado", disse o prefeito.

Segundo o chefe do Executivo municipal, a recuperação "parcial" que ele atribuiu ao parque industrial o longo dos próximos anos se deve ao fato de que parte das empresas já enfrentava dificuldades no mercado.

“Algumas pessoas não terão condições de refazer o que perderam porque já vinham de uma situação difícil. É o caso do pessoal ligado à costura, por exemplo, que passava por uma crise e perdeu máquinas digitais de R$ 20 mil”, exemplificou.

Se a reconstrução do parque industrial levará anos --“não será no meu mandato, nem no mínimo pelos próximos quatro anos”, estimou o prefeito --, o restabelecimento de serviços públicos e de casas danificadas "deverá levar meses".

Casas e prédios públicos destruídos

Conforme a prefeitura, ao menos 400 residências foram afetadas --a estimativa inicial era de 150-- e cinco, condenadas pela Defesa Civil, terão de ser demolidas no Jardim Carmélia, o mais afetado pelo tornado. Ao todo, dez pessoas estão desabrigadas (sem lugar para dormir), e 511 estão está desalojadas (em casa de parentes ou amigos).

Entre os prédios públicos mais danificados, estão a rodoviária e o parque esportivo Rico Rodrigues, completamente destruídos, além de um barracão de agronegócios, que ficou completamente destelhado e teve danos na estrutura, e o fórum a escola estadual José Pena, também parcialmente afetados.

Taquarituba fica a 320 km de SP

  • Arte/UOL

O prefeito estima que, para os cinco, serão necessários pelo menos R$ 1,2 milhão para os reparos.

Com o decreto de calamidade pública, o município fica apto a adquirir produtos e mão de obra emergencial sem necessidade de licitação pública. Sobre isso, o prefeito informou que a prioridade serão materiais de construção como telhas e cimento, além de mobiliário de prédios públicos afetados e colchões.

600 residências ainda estão sem energia

Até o início da tarde, 600 residências seguiam sem energia elétrica na cidade, das 2.200 que chegaram a ter corte de fornecimento no domingo. A previsão do município é que a situação seja toda normalizada ainda hoje, até o final do dia.

De acordo com o Censo 2010, do IBGE, Taquarituba tem pouco menos de 23 mil habitantes. Em seus 127 anos de emancipação, foi a primeira vez que foi alvo vítima de um fenômeno climático do porte de um tornado.

O prefeito, de 57 anos, fez aniversário na véspera da tragédia. “Foi um sentimento de impotência lidar com uma coisa tão grande, tão devastadora, logo que vi o rastro deixado pelo tornado. Mas, ao mesmo tempo, isso envolveu toda a comunidade em uma cadeia de solidariedade --não só aqui, mas em toda a região”, definiu.

Governo paulista lança linha de crédito a empresas prejudicadas

Ontem, após uma visita aos locais destruídos em Taquarituba, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou o lançamento de uma linha de crédito emergencial da Desenvolve SP – Agência de Desenvolvimento Paulista para a cidade.

O programa financiará empresas prejudicadas pelo tornado seja pela reconstrução dos estabelecimentos comerciais, pela recomposição de estoques ou pela compra de máquinas e equipamentos.

Em nota, o governo paulista informou que estarão aptos a acessar a linha de crédito empresas com faturamento anual de até R$ 100 milhões.