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Pnad 2012: Trabalho infantil despenca no Brasil, e analfabetismo para de cair

Do UOL, no Rio

27/09/2013 10h00Atualizada em 27/09/2013 18h54

A diminuição do trabalho infantil no Brasil entre 2011 e 2012 foi um dos dados mais significativos da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2012, divulgada nesta sexta-feira (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo a pesquisa, em 2011, havia 704 mil crianças e adolescentes entre cinco e 13 anos no mercado de trabalho, número que caiu para 554 mil no ano seguinte – uma diferença de 21%.

No entanto, nem todos os dados são positivos. A taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais, por exemplo, parou de cair no Brasil após um período de mais de 15 anos de declínio, segundo dados da Pnad. O país não registrava crescimento na taxa de analfabetismo desde 1997.

INFOGRÁFICOS

  • Arte/UOL

    Clique na imagem para ver o perfil dos domicílios brasileiros, segundo a Pnad 2012

  • Arte/UOL

    Máquina de lavar e computador ganham mais espaço na casa do brasileiro; clique na imagem

Na pesquisa --que, até 2003, excluía 4,1 milhões de pessoas que residem nas áreas rurais da região Norte--, o índice de indivíduos que, em 2012, não sabiam ler e escrever foi de 8,5%. Esse dado representa aumento de 0,1 ponto percentual em relação ao ano anterior. Na prática, os pesquisadores do IBGE registraram no ano passado 300 mil analfabetos a mais em comparação com a amostra de 2011.

Por outro lado, a pesquisa indicou que a taxa de escolarização das crianças de cinco e seis anos já atingiu 92%. Em 2002, apenas 77,2% delas estavam na escola com estas mesmas idades.

As pessoas não estão só entrando na escola mais cedo, como permanecendo mais tempo. Em 2012, os jovens de 20 a 24 anos declararam ter passado, em média, 9,9 anos estudando ao longo da vida. Em compensação, pessoas com 60 anos ou mais informaram ter estudado apenas 4,4 anos em média.

A população idosa, aliás, chamou atenção pelo novo perfil desenhado pela pesquisa: vive mais, está aumentando e mostra interesse crescente por ultrapassar as barreiras tecnológicas em prol de seu próprio conforto.

  • UOL Infográfico

As pessoas com mais de 60 anos são hoje 12,6% da população, ou 24,85 milhões de indivíduos – em 2011, tratava-se de uma fatia de 12,1% e, em 2002, 9,3%. A maior parte deles é mulher (13,84 milhões) e vive em áreas urbanas (20,94 milhões).

O grupo com mais de 50 anos ainda é o que apresenta o menor percentual de internautas. Mas eles estão aumentando significativamente. Em 2012, aqueles que não têm medo de computador já eram 20,5% de toda a faixa etária – 2,5 pontos percentuais maior que no ano anterior.

Os brasileiros também passaram a usar mais o aparelho celular e o acesso à internet em um ano. Dos mais de 57,3 milhões de domicílios que possuíam algum serviço de telefonia, no ano passado, 32,3 milhões faziam uso apenas da linha móvel --aumento de quase dois pontos percentuais em relação ao ano anterior. E o Brasil ganhou 5,3 milhões de internautas em 2012, segundo informa a pesquisa.

Outra má notícia da pesquisa são os dados que mostram que os homens ainda ganham mais do que as mulheres, e que a diferença entre os salários voltou a crescer após dez anos em declínio. No ano passado, o rendimento médio mensal das mulheres era equivalente a 72,9% do dos homens. Já em 2011, tal proporção era maior: 73,7%.

E, contrariando a preocupação crescente com os problemas de trânsito no país, os lares brasileiros estão cada vez mais com veículos em suas garagens. No país, o percentual de domicílios em que ao menos um morador possuía carro chegou a 42,4%, o que corresponde a 26,7 milhões de lares. Já as motocicletas estão presentes em 20% das casas, com 12,6 milhões de unidades.

Intervalo de confiança

Por ser uma pesquisa por amostra, as variáveis divulgadas pela Pnad estão dentro de um intervalo numérico, que é o chamado "erro amostral". Não há uma margem de erro específica para toda a amostra.

Diferentemente das pesquisas eleitorais, que têm apenas um indicador em destaque (a intenção de votos de determinado candidato), a Pnad tem dezenas de indicadores e o valor de cada um deles oscila dentro do seu intervalo específico. Isso também se aplica à taxa de analfabetismo, segundo a assessoria do IBGE.

Se o intervalo da taxa referente ao ano analisado coincide total ou parcialmente com o intervalo do mesmo coeficiente de anos anteriores, os dados não apresentarão variação significativa do ponto de vista estatístico, ainda que os números sejam diferentes. Isso, no entanto, não invalida o resultado da amostra, de acordo com o órgão.