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Moradora de rua presa durante protesto em junho é solta em SP

Do UOL, em São Paulo*

03/10/2013 17h29

A moradora de rua Josenilda da Silva Santos, 38, última pessoa que estava presa no Estado de São Paulo em decorrência das manifestações do meio do ano, foi liberada nesta quinta-feira (3) pela Justiça, segundo informou a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP).

A Justiça havia negado ontem o pedido liminar de habeas corpus para liberá-la. A Defensoria Pública apresentou hoje pedido de relaxamento de prisão, em função do tempo em que Josenilda está presa sem julgamento, que foi concedido. Josenilda foi detida em 18 de junho, dia marcado por arrastões e depredações no centro da cidade.

Um pedido de liberdade chegou a ser rejeitado pela 7ª Câmara de Direito Criminal, na semana passada. Josenilda foi presa em flagrante no 78º DP (Jardins). Ela estava enrolada em um cobertor, com produtos de higiene. Na delegacia, ela teria mentido o seu nome, pois já tinha passagens na polícia e ficou com medo, segundo relatou.

O Ministério Público ofereceu, em junho, denúncia por furto qualificado contra ela e outras oito pessoas. As outras pessoas detidas foram liberadas em seguida e a moradora de rua continuou sob custódia.

De acordo com a Defensoria Pública, que representa Josenilda, ela foi absolvida pela Justiça da acusação anterior. Mesmo assim, a 7ª Câmara Criminal entendeu que ela deveria aguardar o julgamento presa. O processo corre sob segredo de Justiça. "Isso mostra a discriminação contra uma mulher, moradora de rua, que só estava com um cobertor e produtos de higiene", diz a ativista do Movimento Passe Livre (MPL) Nina Capelo. 

Durante os protestos, 155 suspeitos foram detidos, de acordo com a polícia. O MPL, no entanto, calcula o número em 300, incluindo as prisões para averiguação. Segundo o movimento, 24 manifestantes ainda podem ser denunciados pelo MP.

O MPL entrou com duas representações contra a PM no Ministérios Públicos Estadual e Federal por supostos abusos da polícia. A PM diz que vai apurar por meio da corregedoria interna se houve excesso.

Data

Nesta quarta-feira (2), data que marca os 21 anos do Massacre do Carandiru, representantes de grupos de vítimas de violência fizeram uma reunião com participação da imprensa para lutar contra as agressões da polícia. O encontro teve a participação do movimento Mães de Maio, que atribui à PM a morte 493 pessoas após os ataques do PCC em maio de 2006.

*Com Estadão Conteúdo