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Mais de 60 presos em protesto devem ser levados para presídios, diz polícia

Gustavo Maia e Maria Luisa de Melo

Do UOL, no Rio

16/10/2013 14h01Atualizada em 16/10/2013 17h05

A chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Martha Rocha, afirmou na tarde desta quarta-feira (16) que as 64 pessoas detidas a autuadas na noite de terça-feira (15), durante e depois da manifestação em apoio aos professores das redes estadual e municipal do Rio de Janeiro, que terminou em confrontos entre manifestantes e a polícia, no Centro da capital fluminense, deverão ser encaminhadas ainda hoje para o sistema penitenciário.

Pelo menos 39 manifestantes que participavam de protesto no centro do Rio já foram levados para presídios nesta quarta-feira, de acordo com informações da OAB (Ordem de Advogados do Brasil). Outros 38 ainda estão em delegacias aguardando decisão de autoridades policiais.

Segundo a OAB, 204 foram detidos na noite de terça-feira (15) e encaminhados para nove delegacias da capital. No entanto, nem todos ficaram presos.

Segundo a Polícia Civil, 64 pessoas ficaram presas, sendo que as 27 levadas para a 37ª DP (Ilha do Governador), foram autuadas com base na nova Lei do Crime Organizado (12.850/2013), por crimes como dano ao patrimônio público, formação de quadrilha, roubo e incêndio. Os delitos são inafiançáveis. Outros 20 menores foram apreendidos.

A Civil informou ainda que 43 pessoas foram autuadas por formação de quadrilha. Houve também autuações por tentativa de furto, incêndio, lesão corporal e corrupção de menores.

A legalidade das prisões, no entanto, é questionada pelo IDDH (Instituto de Desenvolvimento de Direitos Humanos). De acordo com a advogada Priscila Prisco, que fez plantão em delegacias da cidade durante a última madrugada, não houve flagrante nas prisões e não há provas que incriminem os manifestantes.

Detenções no protesto

5ª DP (Lapa)13 detidosDez liberados; três presos
12ª DP (Copacabana)20 detidos14 liberados; seis presos
17ª DP (São Cristóvão)28 detidos25 liberados; três presos
19ª DP (Tijuca)Seis detidosSem informação sobre liberados
22ª DP (Penha)49 detidosTodos liberados
25ª DP (Engenho Novo)38 detidosBOs ainda em andamento
29ª DP (Madureira)29 detidosTodos liberados
37ª DP (Ilha do Governador)27 detidos27 presos

“As prisões foram totalmente arbitrárias. As pessoas que estavam correndo na rua foram pinçadas, aleatoriamente, e levadas para delegacias. Não há provas para sustentar estas prisões”, afirmou. Ela citou ainda o caso de um casal acusado de incendiar um carro da Polícia Militar.

“Estou defendendo um casal que foi preso porque estava correndo na rua. Eles também estão sendo levados para presídios. Na realidade,  eles saíram correndo pela rua quando um segurança da EBX saiu do prédio da empresa, no Centro, com uma arma em punho”, contou ela, que já reuniu testemunhas e vai pedir o habeas corpus do casal. “Depois, veio um policial e disse que o casal tinha colocado fogo numa viatura.”

A EBX foi procurada pelo UOL por meio de sua assessoria de imprensa, mas ainda não retornou às solicitações. Já a Polícia Civil informou que ainda está apurando informações sobre o número de manifestantes presos e sobre a legalidade das prisões  e vai emitir uma nota oficial ainda nesta quarta-feira.

Estragos

A Prefeitura do Rio informou que funcionários da Secretaria de Conservação e Serviços Públicos fizeram uma vistoria na região afetada pelos atos dos black blocs na manhã desta quarta-feira e identificaram a destruição de três abrigos de ônibus, três relógios públicos e um totem comercial.

Também foram encontrados diversos pontos de calçamento de pedras portuguesas danificados ao longo da avenida Rio Branco e da rua Evaristo da Veiga. Na noite desta terça, reportagem do UOL presenciou manifestantes mascarados retirando pedras da calçada e atirando-as contra a polícia enquanto o Batalhão de Choque atirava bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral. Algumas dessas pedras foram jogadas de volta pelos policiais em direção aos black blocs, na avenida Rio Branco.

Ônibus da polícia é depredado durante manifestação

A manifestação foi organizada por professores das redes municipal e estadual, contrários ao plano de cargos e salários proposto pela Prefeitura do Rio e aprovado pela Câmara dos Vereadores. De acordo com o sindicato dos professores, o protesto reuniu cerca de 10 mil pessoas. 

O ato permaneceu pacífico até por volta de 20h15, quando representantes do sindicato anunciaram seu encerramento. A confusão começou no cruzamento da avenida Rio Branco com a rua Araújo de Porto Alegre, quando um grupo de mascarados caminhava da Câmara Municipal em direção à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

A polícia usou grande quantidade de bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral contra os manifestantes, que atiraram morteiros, rojões, pedaços de madeira e pedras contra os PMs da Tropa de Choque.

Em São Paulo, manifestantes foram reprimidos pela Polícia Militar quando ocuparam todas as faixas da pista sentido Interlagos da marginal Pinheiros. A Tropa de Choque da PM usou bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. De acordo com a PM, quatro policiais ficaram feridos e 56 pessoas foram detidas.