Protesto no Rio deixa pelo menos 14 feridos, sendo um baleado e dois PMs

Pelo menos 14 pessoas ficaram feridas durante a manifestação no centro do Rio de Janeiro que reuniu milhares de manifestantes em apoio à greve dos professores, na noite desta terça-feira (15). Entre os feridos, estão um jovem baleado e dois policiais militares.

Um estudante de 18 anos, identificado como Rodrigo Gonçalves Azoubel, foi atingido nos dois antebraços por tiros de arma de fogo, de acordo com informações da Clínica São Vicente, na Gávea, zona sul do Rio. Ele deu entrada na unidade de saúde na noite de terça e contou ter sido atingido durante os protestos. O jovem foi operado e passa bem.    

Outras onze pessoas também feridas durante a manifestação, segundo a Secretaria Municipal de Saúde, foram levadas para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro, com ferimentos leves, contusões e intoxicação por gás lacrimogêneo. Nenhum dos socorridos está em estado grave, e todos devem receber alta já na manhã desta quarta-feira (16).

Além destes, pelo menos dois policiais militares também foram atingidos durante os protestos. Eles foram socorridos no HCPM (Hospital Central da Polícia Militar), no Estácio, zona norte. De acordo com informações da assessoria de imprensa da PM, o número pode ser ainda maior, já que as ocorrências ainda estão sendo apuradas pela assessoria.

Segundo reportagem da "Folha de S.Paulo", policiais militares usaram armas letais para dispersar manifestantes ontem. Pelo menos dois PMs dispararam tiros para o alto nos arredores da praça da Cinelândia, centro dos conflitos. Imagens da Globonews feitas durante a manifestação mostram dois homens atirando para o alto para dispersar os manifestantes. Eles ainda não foram identificados.

Uma equipe do UOL que acompanhava o protesto encontrou, nos arredores da Praça da Cinelândia, uma cápsula de projétil ponto 40, cujo uso é restrito às forças de segurança. Procurada, a PM não informou se autorizou o uso das munições letais.

Protestos

Os confrontos entre policiais e manifestantes nas ruas do centro do Rio terminaram com uma sequência de detenções na praça da Cinelândia. Alguns deles já foram liberados na madrugada desta quarta-feira (16).

Pelo menos 208 pessoas foram detidas, segundo a Ordem dos Advogados do Brasil. Ao contrário do que vinha acontecendo nas manifestações anteriores, a Polícia Civil dividiu as ocorrências por diversas delegacias da cidade.

As prisões aconteceram após confrontos entre PMs e manifestantes, que depredaram lojas e agências bancárias e incendiaram um ônibus e um carro da Polícia Militar. Dois homens sacaram armas e começaram a atirar durante os confrontos.

A manifestação foi organizada por professores das redes municipal e estadual, contrários ao plano de cargos e salários proposto pela Prefeitura do Rio e aprovado pela Câmara dos Vereadores. De acordo com o sindicato dos professores, o protesto reuniu cerca de 10 mil pessoas. 

O ato permaneceu pacífico até por volta de 20h15, quando representantes do sindicato anunciaram seu encerramento. A confusão começou no cruzamento da avenida Rio Branco com a rua Araújo de Porto Alegre, quando um grupo de mascarados caminhava da Câmara Municipal em direção à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

A polícia usou grande quantidade de bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral contra os manifestantes, que atiraram morteiros, rojões, pedaços de madeira e pedras contra os PMs da Tropa de Choque.

Em São Paulo, manifestantes foram reprimidos pela Polícia Militar quando ocuparam todas as faixas da pista sentido Interlagos da marginal Pinheiros. A Tropa de Choque da PM usou bombas de gás lacrimogêneo e de efeito moral. De acordo com a PM, quatro policiais ficaram feridos e 56 pessoas foram detidas.

Professores

Em greve desde o dia 8 de agosto, os professores das redes municipal e estadual do Rio de Janeiro reivindicam melhores salários. No caso dos professores da rede municipal, há também o pedido de um plano de cargos e salários que valorize os profissionais que investirem na própria qualificação. 

Um plano proposto pelo prefeito Eduardo Paes foi aprovado por vereadores do Rio no dia 4 deste mês. No entanto, como a entrada dos servidores foi impedida durante a votação da proposta, a Justiça considerou a sessão nula. O pedido de anular a sessão havia sido feito por um grupo de vereadores da oposição. A Câmara de Vereadores recorreu da decisão e aguarda parecer judicial.  

Além disso, os servidores da rede de educação alegam que o plano não foi discutido com os profissionais, como havia sido prometido pelo prefeito.