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Após morte em favela com UPP em Copacabana, comerciantes fecham as portas

Policiais guardam a entrada do morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul do Rio, na manhã desta quinta-feira (24) - Alessandro Buzas/Futura Press
Policiais guardam a entrada do morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, zona sul do Rio, na manhã desta quinta-feira (24) Imagem: Alessandro Buzas/Futura Press

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

24/10/2013 11h59Atualizada em 24/10/2013 12h56

O comércio no morro Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro, amanheceu fechado nesta quinta-feira (24) após um confronto com tiros entre policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da comunidade e homens armados, que resultou na morte de uma pessoa, ainda não identificada.

Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora, o tiroteio aconteceu por volta das 3h15, depois que uma equipe de policiais da unidade se deparou com os suspeitos na localidade conhecida como Quinta Estação. O policiamento foi reforçado no local com efetivo de outras UPPs.

Ainda segundo a assessoria de comunicação das UPPs, o homem que morreu foi reconhecido pelos militares como um dos integrantes do grupo que atirou contra os policiais. O corpo da vítima foi retirado do local por moradores do morro, que o levaram para a rua Sá Ferreira, em Copacabana. A via chegou a ser interditada por alguns minutos por moradores e policiais do 19º Batalhão de Polícia Militar (Copacabana) tiveram de intervir. O corpo foi removido pelo Corpo de Bombeiros.

Por volta das 10h30, o comandante do 19ª BPM (Copacabana), tenente-coronel André Belloni, afirmou que o policiamento nos acessos à comunidade foi intensificado. "Estamos aqui para garantir o direito de ir e vir. Nós temos ainda alguns comerciantes receosos em abrir o seu comércio, muitos moradores da própria comunidade. Nossa presença aqui vai ser enquanto for necessário", disse, em entrevista à “GloboNews”.

A morte foi registrada na 12ª DP (Copacabana) como auto de resistência. O corpo do homem encontra-se no IML (Instituto Médico Legal), onde aguarda confirmação de identificação e reconhecimento.

UPPs

Principal bandeira do Governo do Estado na área de segurança pública desde 2008, a instalação de UPPs em comunidades dominadas pelo tráfico de drogas passou a ser alvo de críticas cada vez mais frequentes desde junho deste ano, quando teve início uma onda de manifestações que repercute até hoje na capital fluminense. Atualmente, há 34 UPPs instaladas, todas na cidade do Rio de Janeiro.

Na UPP da Rocinha, em São Conrado, zona sul da cidade, inaugurada em setembro do ano passado, a investigação sobre o desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, 43, em julho, revelou que ele foi vítima de tortura praticada por policiais da própria unidade. O MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) denunciou 25 PMs pelo crime, que provocou protestos em toda a cidade. Por conta da repercussão do caso, vieram à tona outras denúncias feitas por moradores da favela ao MP envolvendo mais de 20 vítimas de tortura praticados pelos PMs da UPP.

Na última quinta-feira (17), moradores da UPP de Manguinhos, na zona norte do Rio, protestavam contra a morte de um rapaz de 18 anos na comunidade, e policais da unidade utilizaram armas de fogo durante a manifestação. Uma jovem levou um tiro na perna durante o ato. A família de Paulo Roberto Pinho de Menezes, 18, aponta os PMs da UPP como responsáveis pelo óbito do rapaz.

Um dia depois, dois PMs da UPP instalada no Complexo do Alemão foram baleados durante troca de tiros com homens suspeitos de envolvimento com o tráfico de drogas. Uma UPP foi instalada no local em maio de 2012, mas casos de violência ainda são frequentes na comunidade.