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Operação contra o tráfico na Maré prende 25 suspeitos na zona norte do Rio

Do UOL, no Rio*

13/11/2013 09h42Atualizada em 13/11/2013 12h49

A Polícia Civil do Rio de Janeiro iniciou na manhã desta quarta-feira (13) uma operação no complexo de favelas da Maré, na zona norte a capital fluminense. Até as 12h30, 25 pessoas haviam sido detidas. Os agentes buscam cumprir 51 mandados de prisão. Mais cedo a polícia havia informado que haviam 44 mandados a serem cumpridos.

De acordo com a Polícia Civil, dos 25 presos, 20 foram em cumprimento a mandados de prisão desta operação e cinco mediante mandados que estavam pendentes. Oito dos mandados já haviam sido cumpridos ao longo da semana. Foram apreendidas armas, munições e uma luneta, entre outros materiais, que ainda não foram contabilizados. Um carro roubado que pertenceria a um irmão do traficante Menor P foi apreendido.

Traficantes da comunidade reagem jogando granadas e trocando tiros com a polícia. O comércio na região segue fechado e os moradores, que relatam intenso tiroteio, evitam sair de casa. Segundo a Polícia Civil, os agentes encontraram um corpo durante a operação.

A atividade, batizada de Operação Netuno, visa desestabelecer o tráfico na região e é resultado de seis meses de investigação da Polícia Civil e da Subsecretaria de Inteligência da Secretaria de Segurança. A atividade conta ainda com policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais, além de policiais federais e mais de 200 homens de outros grupamentos especializados. Um helicóptero dá apoio à operação.

Os policiais se reuniram às 3h30 na Cidade da Polícia, no Jacarezinho,  na zona norte do Rio, e as equipes chegaram aos locais onde estariam os alvos da operação às 5h45.

As investigações apontam para a sucessão no comando do tráfico na Maré. Com a morte de Márcio José Sabino Pereira, o Matemático, em maio de 2012, outro criminoso, Marcelo Santos das Dores, o Menor P, assumiu o controle da venda de armas e drogas da facção.

O trabalho de inteligência indica ainda que a comunidade conhecida como Nova Holanda se tornou uma espécie de entreposto de drogas. Nessa comunidade foi identificado um esquema de repasse de droga para criminosos do Espírito Santo.

  • Divulgação/Dique-Denúncia

    O Dique-Denúncia oferece R$ 2.000 por informações que levem à prisão de Menor P

A quadrilha utilizava pessoas para fazer o transporte --as mulas, como são chamadas pelos bandidos. Elas geralmente utilizavam ônibus para fazer o trajeto interestadual e eram escoltadas por criminosos na estrada, que faziam o trajeto Rio de Janeiro-Espírito Santo sem a droga.

O governo do Estado planeja instalar uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) na Maré no primeiro semestre de 2014. Em agosto, o comandante da Polícia Militar do Rio, coronel José Luís Castro Menezes, avaliou que serão necessários 1.500 policiais na operação do complexo, que reúne 16 favelas.

A UPP da Maré havia sido anunciada pelo próprio governador em julho como a próxima a ser instalada no Estado. Ele havia feito o anúncio ao comentar operação policial que terminou com a morte de dez pessoas na favela Nova Holanda, mas as 12 favelas do Complexo do Lins de Vasconcelos, ambém na zona norte, acabaram sendo ocupadas primeiro.

Violência na Maré

A violência no Complexo da Maré deixou milhares de estudantes sem aulas no final de outubro, e a Polícia Militar informou à época que iria reforçar o patrulhamento nas favelas para pôr fim a uma guerra entre traficantes de facções rivais.

  • Divulgação/Facebook/Yvonne Bezerra de Mello

    Fundadora da ONG Uerê Maré, Yvonne Bezerra de Mello fotografou crianças deitadas no chão da sala de aula de uma escola durante operação da PM

Foi no Complexo da Maré que dez pessoas morreram durante uma troca de tiros entre traficantes e policiais militares do Bope (Batalhão de Operações Especiais) em julho. Formado por 15 comunidades com 130 mil moradores, o Complexo da Maré é dominado por duas facções de traficantes de drogas e uma milícia.

Cortado pelas três principais vias expressas do Rio (avenida Brasil e Linhas Vermelha e Amarela), o conjunto de favelas é rota obrigatória para quem chega ao Rio pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Ilha do Governador, e precisa se deslocar para o centro, a zona sul ou à Barra da Tijuca, na zona oeste. (Com Bandnews e Estadão Conteúdo)

*Colaborou Gustavo Maia