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Mãe de Joaquim pode ser indiciada por omissão, diz promotor de Justiça

Do UOL, em São Paulo

25/11/2013 18h21

Natália Ponte, 29, mãe do menino Joaquim Ponte Marques, 3, encontrado morto no rio Pardo, em Barretos (423  km de São Paulo), em 10 de novembro, pode responder por omissão. Isso se ficar provado que ela deixou, deliberadamente, a criança conviver com o padrasto violento, disse o promotor do caso Marcus Tulio Alves Nicolino, nesta segunda-feira (25).

“Em tese ela pode responder por omissão porque declarou que o padrasto era agressivo, viciado em drogas, que tinha antecedentes violentos, e entregou essa criança na mão dele, aos cuidados dessa pessoa. É uma omissão relevante”, disse o promotor.

O corpo de Joaquim foi encontrado no rio por um pescador, depois de cinco dias desaparecido. A criança vivia com ela e Guilherme Longo, 28, em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).

O casal foi preso no dia em que o corpo do menino foi encontrado e desde então Natália começou a detalhar comportamentos violentos do marido, negados por ele. Ela está presa em uma penitenciária de Franca e ele em um presídio de Barretos.

Longo afirmou à polícia que saiu de casa na madrugada do dia 5 para comprar drogas e deixou a porta da sala aberta, pela qual, supostamente, a criança saiu ou foi retirada por alguém. O portão da garagem, no entanto, teria sido fechado por ele. A mãe dormia num quarto ao lado do da criança e afirma não ter ouvido nada. O casal já depôs cinco vezes à polícia desde então, e as declarações vêm sendo consideradas contraditórias.

Participação de mãe não é descartada

Mas a investigação do Ministério Público descarta o envolvimento de uma terceira pessoa no dia do desaparecimento e no envolvimento da morte da criança. De acordo com o promotor, o casal deve ser ouvido novamente nesta terça-feira (26).

“Não descartamos em nenhum momento a participação dela, a investigação não está fechada. Estamos enxergando que eles eram os únicos que estavam na residência quando do aparecimento e morte do menino. A investigação se aprofunda para indicar as responsabilidades de cada um. Ele é suspeito da execução, mas ela, para nós, teria deixado o menino a mercê dessa pessoa drogada, violenta e ameaçadora”, reiterou o promotor.

Longo participou da reconstituição do crime na sexta-feira (22), na qual fez o mesmo trajeto dito por ele na noite do desaparecimento. Segundo Longo, ele teria saído de casa em busca de cocaína, mas, sem sucesso, teria voltado para casa 40 minutos depois. Durante a reconstituição ele fez o mesmo trajeto de 1.600 metros na metade do tempo.

Natália não participou da reconstituição porque na versão dela e do marido ela estava dormindo durante o desaparecimento. A falta de provas que comprovem ao contrário a pouparam da reconstituição, de acordo com o promotor. Mas uma nova encenação não está descartada.

“Nós ainda não conseguimos nenhum elemento de prova que mostre que ela presenciou o que aconteceu. Mas não descartamos uma nova se outras provas aparecerem”, disse.

O delegado do caso Paulo Henrique Martins de Castro anunciou nesta segunda-feira o pedido da quebra do sigilo telefônico de mais pessoas próximas ao casal, mas não deu detalhes de quem seria. O casal já teve o sigilo telefônico quebrado, o que fez surgir novas contradições no caso.

Longo disse primeiramente à polícia que a mulher tinha ligado anunciando o desaparecimento, mas a Polícia Militar divulgou a escuta de que foi ele quem fez a ligação.