Topo

Homicídios dolosos não têm autoria conhecida em 79% dos casos

Bruna Borges

Do UOL, em São Paulo

12/12/2013 19h38

Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (12) aponta que 79% (ou 1.405) dos homicídios dolosos da cidade de São Paulo são de autoria desconhecida. O estudo, realizado pelo Instituto Sou da Paz, analisou, entre janeiro de 2012 e junho de 2013, 1.777 boletins de ocorrência da capital. Em 61,2% dos casos foi usada arma de fogo no crime.

Dos casos sem autoria, em 51,7% deles não há informação da motivação do homicídio. 

O estudo também mostra que em 329 casos (19%) há indícios de execução.  Desses, 95% não possuem autoria conhecida e 98% utilizaram armas de fogo.

A maioria das vítimas são homens (87%), negros ( 49,1%) e jovens com idade entre 15 e 29 anos (34,3%). Segundo o instituto, os homicídios são mais frequentes durante a noite e a madrugada (66,1%) e nos fins de semana (39%).

Homicídios em São Paulo

  • 79%

    dos casos

    não tem autoria conhecida

  • 19%

    das mortes

    têm indício de execução

Fonte: Instituto Sou da Paz (entre janeiro de 2012 e junho de 2013)

    A região da cidade que mais tem casos  (25,6)% é 6ª Delegacia Seccional, que fica na zona sul da capital. A que tem menos é a 5ª Delegacia Seccional, que atende bairros da zona leste.

    Os motivos são acidente de trânsito, discussão, conflito entre casal, reação à tentativa de crime, resultado de ação policial e indícios de execução. Há também casos em que são encontrados corpos em decomposição e, normalmente, não é possível identificar a causa da morte.   Do total de ocorrências, 43% não possuem informações sobre o motivo do crime.

    Dos casos de autoria conhecida (21%), 62,2% das vítimas eram negras, 56,5% adultas (30 a 44 anos) e todos eram homens.

    Armas do crime

    O instituto também divulgou um diagnóstico das armas utilizadas em crimes em São Paulo.  Segundo o Sou da Paz, houve aumento do chamado simulacro, quando são usadas armas de brinquedo na prática de crimes. São 25,8% dos casos.

    Os dados compreendem todos os registros de entrada de arma no Núcleo de Balística da Superintendência da Polícia Técnico-Científica do Estado de São Paulo existentes entre 2011 e 2012.

    Segundo o estudo, o revolver é o principal tipo de arma utilizada (59%), a pistola é a segunda arma mais usada (32%) e espingarda é a terceira (4%). A maioria das armas apreendidas é brasileira (78%). As armas americanas aparecem em segundo lugar, com 3,7% do total.

    Entre as armas analisadas, 64% foram fabricadas até 2003, antes da entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento.  “Isso é um indicador positivo do Estatuto”, opina Ligia Rechenberg, pesquisadora do Instituto Sou da Paz.

    O estatuto completa dez anos em 2013, nesse período foram entregues 644.403 armas de fogo em todo país.