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Nos cinco anos de UPP, Beltrame diz não haver garantia de ausência de tiros

O secretário de Segurança do Rio em visita comunidade no complexo de Manguinhos, em outubro de 2012 - Fábio Teixeira/Futura
O secretário de Segurança do Rio em visita comunidade no complexo de Manguinhos, em outubro de 2012 Imagem: Fábio Teixeira/Futura

Do UOL, no Rio

19/12/2013 09h32

O secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, afirmou, em entrevista ao telejornal “Bom Dia Rio” nesta quinta-feira (19), que a diminuição dos índices de criminalidade é a principal vitória do projeto das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), mas que a garantia de que não haverá mais armas ou tiros nas comunidades não é possível.

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  • Arte/UOL

“Nós não vamos ter nunca a garantia de que não vai haver nenhuma arma de fogo e que nenhum tiro será dado nessas comunidades. Claro que a polícia tem dificuldade, sim, de chegar em alguns lugares, é dificílimo o acesso. Mas a permanência dela lá é que vai fazer com que ela aos poucos vá adquirindo essa expertise e crie um mecanismo de movimentação dentro desses lugares”, disse Beltrame.

Nesta quinta, a inauguração da primeira UPP, no Morro Dona Marta, completa cinco anos. O secretário acredita que, para o futuro, será necessário começar a pensar em remoções para melhorar a qualidade de vida nas favelas.

“A questão da reconfiguração geográfica, da topografia da favela, ela tem que ser discutida, ela tem que sair do campo do tabu e vir pra discussão. Não adianta ter Rocinha com maior índice de tuberculose e um hospital embaixo da Rocinha que atenda tuberculose. O que vai melhorar a tuberculose neste lugar é arejar este lugar, fazer ar correr e sol chegar”, afirmou. “Estas coisas que precisam ser entendidas e discutidas. Se uma pessoa precisa mudar um pouquinho de endereço pra beneficiar 40, 50, 100 mil pessoas, eu acho que esta é a discussão que se tem que fazer com a população, e isso o Poder Executivo não pode fazer sozinho. Tem que envolver outros poderes, tem que envolver outros atores da sociedade.”

Beltrame disse ainda abominar a truculência policial e lembrou o caso Amarildo, ressaltando que, a partir de janeiro, as comunidades contarão com ouvidorias nas UPPs. “Não há pacto com esse tipo de atitude, embora a gente saiba que as polícias têm as suas mazelas. Mas eu acho que, mesmo dentro do processo da UPP, nós temos muito mais resultados positivos do que negativos. E a partir de janeiro, nós vamos botar um trailer dentro dessas áreas, exatamente falando com a comunidade, onde a comunidade pode chegar, fazer suas queixas, seus elogios, o que ela bem entender, que a polícia vai estar ali como uma ouvidora local dela”, afirmou.

Desafio da Paz

O próprio Beltrame foi vítima de um tiroteio em área de UPP, em maio deste ano na Vila Cruzeiro, que integra o complexo do Alemão. A troca de tiros assustou participantes e atrasou em uma hora a largada de uma corrida chamada "Desafio da Paz".

O secretário estava no local para participar da corrida. O início da prova estava previsto para às 8h, mas só pôde acontecer às 9h. Beltrame classificou a ação como "irresponsável e criminosa". Para ele, os problemas enfrentados pela UPP do Alemão foram orquestrados por traficantes que escaparam do Complexo, fugidos em um carro pelo alto do morro.