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Após 12 homicídios, três ônibus e um carro são incendiados e sete ônibus são depredados em Campinas (SP)

Polícia Militar faz blitz na avenida Ruy Rodrigues, em Campinas (SP), à procura de suspeitos de homicídios que aconteceram na madrugada desta segunda - Dorinaldo Oliveira/AAN/Correio Popular
Polícia Militar faz blitz na avenida Ruy Rodrigues, em Campinas (SP), à procura de suspeitos de homicídios que aconteceram na madrugada desta segunda Imagem: Dorinaldo Oliveira/AAN/Correio Popular

Do UOL, em São Paulo e em Campinas

13/01/2014 10h25Atualizada em 13/01/2014 22h39

Após a morte de 12 pessoas, entre a noite do domingo (12) e a madrugada desta segunda-feira (13), em Campinas (a 93 km de São Paulo), ao menos três ônibus e um carro foram incendiados, e outros sete ônibus depredados, segundo a Transurc (Associação das Empresas de Transporte Urbano de Campinas).

Os ataques aconteceram na manhã de hoje, no terminal Vida Nova, que teve uma das cabines quebradas com pedras e pedaços de pau e outra queimada por um grupo de cerca de 300 pessoas. Ainda de acordo com a Transurc, algumas pessoas estavam com os rostos cobertos, carregando pedaços de pau, pedras e substâncias inflamáveis. 

  • Os crimes foram cometidos por um grupo de pessoas encapuzadas em um intervalo de quatro horas, na periferia de Campinas, cerca de 100km de São Paulo. Das 12 vítimas, seis tinham passagem pela polícia. Os ataques começaram após a morte de um policial militar durante uma tentativa de assalto na mesma região.

Devido à falta de segurança no local, sete linhas de transporte (126, 127, 128, 130, 131, 132 e 136) foram suspensas de manhã, por volta das 11h, e só voltaram a circular às 15h30, sob a patrulha da Guarda Municipal.  A polícia investiga se os assassinatos têm relação entre si e com a morte de um PM, domingo à noite, e se os ataques incendiários de hoje são um protesto pela morte do policial. Ninguém foi preso.

Os crimes ocorreram em localidades diferentes na região do bairro de Ouro Verde, um dos maiores da cidade, na zona oeste. De acordo com a Polícia Militar, a primeira morte foi registrada por volta das 21h30 de domingo no Residencial Sirius, onde um homem foi encontrado morto a tiros. A identidade dele ainda não foi revelada.

Vítimas tinham até 30 anos e passagens pela polícia

  • Arte UOL

Um adolescente de 17 anos está entre os mortos. As 12 vítimas tinham até 30 anos e ao menos metade delas tinham passagens pela polícia por crimes como tráfico de drogas, homicídio e roubo de veículos.

De acordo com a SSP, por volta da 0h de hoje, foram encontrados mortos na rua Doutor Renato Luiz Pereira da Silva, no Recanto do Sol 2, Peterson Rodrigo Calderari, 17, Wesley Adiel Lopes, 19, Patrick Ernandes da Silva, 19, e Alex Sandro Giovanelli de Carvalho, 30, segundo a SSP.

Segundo o pai de um dos mortos, os criminosos chegaram ao local em dois carros --um preto e outro prata-- e atiraram contra as vítimas. 

Outros cinco corpos foram encontrados por guardas municipais na localidade Vida Nova. Rodiney Manoel, 27, Gustavo de Sousa Moura da Silva, 21, e Diego Dias Coelho, 24, estavam na rua Luzitânia Isabel Paes Segallio, e Daniel Vitor da Silva, 20, e José Ricardo Grilo, 20, na rua Quatro, perto dali.

Um adolescente de 14 anos também foi baleado. Ele foi socorrido, e o estado de saúde dele ainda não foi informado. Outra vítima ficou ferida. Os corpos dos mortos estão no IML (Instituto Médico Legal) para identificação.

Polícia apura participação de PMs nas mortes

As mortes foram registradas no 1º DP de Campinas, mas serão investigadas pelo 9º DP, responsável pela área. O Ministério Público do Estado também vai acompanhar o inquérito. O promotor Ricardo José Gasques de Almeida Silvares foi escolhido pela Procuradoria Geral do Estado para o caso.

Segundo a Polícia Civil, uma das linhas de investigação apura o envolvimento de policiais militares nos assassinatos em série, todos com características de execução. Os casos ainda estão sendo apresentados, e a polícia não descarta um aumento no número de mortos.

Segundo Licurgo Nunes Costa, diretor do Deinter 2 (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior), a polícia trabalha com duas principais hipóteses para os crimes: vingança pelo assassinato de um PM, morto na tarde de domingo, vítima de latrocínio (roubo seguido de morte), na mesma região ou acertos de contas entre quadrilhas.

Em nota, a Prefeitura de Campinas informou que "solicitou providências urgentes da Secretaria Estadual de Segurança Pública no que se refere à elucidação dos casos, bem como a punição dos culpados pelos crimes".

O Comando de Policiamento do Interior 2, responsável pela região, divulgou nota afirmando que reforçou o policiamento na área. "Estamos atentos aos acontecimentos e pedimos à população que mantenha a tranquilidade", diz o comunicado.  A PM pede a quem tiver alguma informação sobre os suspeitos que entre em contato com o Disque-Denúncia (181).

Violência em Campinas

De acordo com a SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo, 13 pessoas foram vítimas de homicídio doloso (quando há a intenção de matar) ao longo do mês de janeiro de 2013.

Até novembro do ano passado, dado mais recente, 128 pessoas foram assassinadas na cidade. O número de mortes ocorridas em todo o ano de 2013 só será divulgado pela SSP no dia 25 deste mês.