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Comerciante de Itaoca que perdeu armazém e gado nas chuvas tem prejuízo de R$ 250 mil

Camila Maciel

Da Agência Brasil, em Itaoca (SP)

15/01/2014 19h06

Com uma vocação econômica voltada para a pecuária de corte e de leite, o município de Itaoca (SP) registra um prejuízo de pelo menos R$ 3,5 milhões, segundo estimativa da prefeitura, depois da enxurrada que devastou a cidade no último domingo (12). Até momento, 12 mortes foram confirmadas. “Isso somando perda de patrimônio, produção, sem calcular a parte urbana. Deve chegar a mais de R$ 7 milhões, se juntar tudo. Vamos precisar de ajuda para nos reerguer”, disse o prefeito Rafael Camargo. O Produto Interno Bruto (PIB) do município é R$ 16,3 milhões.

Na divisa com o Paraná, Itaoca fica a aproximadamente 360 quilômetros de São Paulo. O acesso pode ser feito pela rodovia Régis Bittencourt, passando pela cidade de Registro, ou pelas rodovias Raposo Tavares e Castello Branco, nas proximidades de Sorocaba. Chegando a Apiaí, município a 20 quilômetros, um caminho tortuoso na serra leva à pequena cidade no Vale do Ribeira. A tragédia marcou os  3,3 mil habitantes neste início do ano.

Um dos comerciantes que contabiliza prejuízos é Jaime Silva, 67. O mercado, que funciona na rua principal da cidade há seis anos, foi inundado pela água do rio, que chegou a pelo menos um metro e meio, conforme a marca na parede. “Foi perda total. Perdemos pelo menos uns R$ 250 mil”, calculou. Ao lado do armazém, a casa dele também foi tomada pelas águas e não restou um móvel em bom estado. “Na hora da enxurrada, minha mãe (de 87 anos) ficou flutuando em cima de uma cama. Também tinha eu, minha esposa e uma filha. A gente subiu nos móveis e esperou baixar”, relatou. A família está abrigada na casa de parentes.

CIDADE FICA NO VALE DO RIBEIRA (SP)

Além do mercado, Jaime informou que também perdeu algumas cabeças de gado. “Nunca vi nada parecido como isso aqui. A enchente de 1997 foi bem menor do que essa”, relembrou. Segundo relato de diversos moradores, naquele ano, a ponte central da cidade também foi afetada e não suportou a força da chuva, arrebentando. Ainda de acordo com os habitantes de Itaoca, a ponte foi refeita no ano seguinte com concreto na base e reforço das pilastras.

O governo estadual avalia que a tragédia foi uma excepcionalidade, pois a obstrução na ponte sobre o Rio Palmital fez com que ele desviasse o curso e atingisse as casas. “Houve deslizamento de uma serra, que trouxe grandes árvores, e quando chegou à ponte, a ponte antiga, cheia de pilares, aquilo formou um dique, e o rio saiu do leito. Formou outro rio do lado, levando as casas de um bairro”, disse o governador Geraldo Alckmin, ao visitar a cidade ontem (14).

Ajuda

As cidades vizinhas ao município de Itaoca (344 km de São Paulo) na região do Vale do Ribeira, no interior de São Paulo estão recebendo donativos para as vítimas das chuvas que castigaram a região

O prefeito de Itaoca espera que a reconstrução da ponte, anunciada pelo governo do estado, impeça novos desastres. “(Depois de 1997), fizeram (a ponte) mais firme, mas, ainda assim, foi um problema, porque ela não cedeu. Agora vai ser mudada toda a ideia da estrutura da ponte. Vai ser feita em arco, sem apoio em baixo, para facilitar o fluxo do rio”, declarou. Ele também avalia que o caso foi excepcional, pois não havia registros frequentes de problemas com cheia do Palmital. “Não subestimamos (o rio). O excesso de árvores contribuiu também para que tudo ficasse retido. As árvores também formaram uma trincheira, tirando o peso da ponte e represando a água”, disse.