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Polícia do Rio divulga nova foto de suspeito de acender rojão em protesto

Do UOL, no Rio

11/02/2014 18h39

A Polícia Civil do Rio de Janeiro divulgou no início da noite desta terça-feira (11) uma nova foto de Caio Silva de Souza, identificado como o homem que acendeu o rojão que atingiu o cinegrafista da "Band" Santiago Ilídio Andrade, 49, na última quinta-feira (6), no Rio de Janeiro.

Mais cedo, a Polícia Civil informou que o jovem tem duas passagens por tráfico de drogas nas delegacias de Mesquita (53ª DP) e de Comendador Soares (56ª DP).

PROCURADO

  • Divulgação/Polícia Civil

    Caio Silva de Souza é morador da Baixada Fluminense, segundo a Polícia Civil. Ele não foi encontrado em seu endereço residencial até a tarde desta terça-feira. Agentes da 17ª DP (São Cristóvão) continuam realizando buscas para prender o jovem

Souza não foi indiciado porque os inquéritos abertos nos dois distritos não confirmaram as suspeitas envolvendo o jovem. Além das passagens por tráfico, o foragido da Justiça --há um mandado de prisão contra ele pela morte de Santiago-- teve seu nome citado em outros dois boletins de ocorrência, ambos registrados após manifestações no Rio.

Em um deles, Souza é suspeito de ter cometido crime de menor potencial ofensivo --a Polícia Civil não deu detalhes sobre a ocorrência. Já no segundo boletim, o jovem é citado como vítima de agressão.

Souza trabalha no hospital estadual Rocha Faria, em Campo Grande, na zona oeste do Rio de Janeiro, segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde, mas não é funcionário público, e sim contratado de uma empresa terceirizada.

A função dele na unidade é auxiliar de serviços gerais. O nome da empresa com a qual o suspeito teria o vínculo empregatício não foi divulgado pela secretaria.

Após quatro dias internado no CTI (Centro de Tratamento Intensivo), Santiago teve morte encefálica na manhã de segunda-feira (10), no Hospital Souza Aguiar, no centro do Rio.

Mesmo após a neurocirurgia para estancar o sangramento e estabilizar a pressão intracraniana, Andrade ficou com mais de 90% do cérebro sem irrigação sanguínea. A mulher dele, Arlita, esteve no hospital durante todo o dia, mas não falou com a imprensa.

Na tarde de segunda-feira, a família doou os órgãos, conforme pedido prévio do cinegrafista. Ainda não há informações sobre velório, e a família informou que Andrade será cremado.

Durante todo o dia, o clima na porta do hospital foi de comoção e tristeza. À noite, a emissora realizou uma missa na Igreja Santa Cecília, em Botafogo, em memória do cinegrafista.

Colegas da Band afirmaram que o clima na empresa era de tristeza e revolta. Amigo de Andrade desde que ele começou na emissora, em julho de 2004, um funcionário que preferiu não se identificar contou que o cinegrafista estava em outra cobertura e foi escalado para filmar a manifestação depois do seu horário.

Acompanhado por uma repórter que foi buscar o carro quando Andrade foi atingido, a equipe ficaria poucos minutos no local. "Eles foram gravar algumas imagens. Ele estava completamente sozinho e não tinha como se defender. Se estivesse com um auxiliar de câmera, talvez a tragédia não tivesse acontecido, porque daria tempo de avisado", disse.

PRINCIPAL SUSPEITO

  • Reprodução/TV Brasil

    Imagens da "TV Brasil" mostram um homem de camisa cinza e calça jeans correndo pela Central do Brasil. Para a Polícia Civil, ele foi o responsável por acender o rojão

Emoção

No Facebook, a filha do cinegrafista, a jornalista Vanessa Andrade, 29, escreveu uma declaração emocionada pouco depois de saber sobre a morte do pai. Ela contou alguns momentos marcantes que viveu com Andrade, desde a infância até a despedida.

Veja o momento em que o cinegrafista é atingido

"Esta noite (ontem) eu passei no hospital me despedindo. Só eu e ele. Deitada em seu ombro, tivemos tempo de conversar sobre muitos assuntos, pedi perdão pelas minhas falhas e prometi seguir de cabeça erguida e cuidar da minha mãe e de meus avós".

Em sua página pessoal, ela recebeu o apoio e o carinho de amigos, familiares e até desconhecidos. Nas redes sociais, o clima era de indignação e inconformismo pela morte do cinegrafista. Em entrevista à “TV Globo”, após deixar o hospital no domingo (9), Arlita afirmou que ao visitar o marido sentiu "que ele não estava nem mais lá".

Ela contou que, na quinta-feira à noite, ligou para o marido e foi atendida por outro cinegrafista que relatou a tragédia. "Achei que não tinha entendido e falei: ele foi fazer alguma matéria sobre alguém que levou uma bomba? A pessoa falou: Não, foi ele mesmo", lembrou.

Dilma

A presidente Dilma Rousseff determinou à Polícia Federal que apoie as investigações para que as "punições cabíveis" sejam aplicadas aos culpados pela morte do cinegrafista. Por meio de sua conta no Twitter, ela comentou o episódio em uma série de cinco posts. Em um deles, disse que o caso "revolta e entristece" o país.

À noite, o ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, também prestou "solidariedade à família desse nosso companheiro, que foi assassinado no Rio de Janeiro". Ele acrescentou que o governo espera manifestações "maduras e pacíficas" durante a Copa do Mundo.