Topo

Fiquei com medo de me matarem, diz suspeito de acender rojão

Suspeito de acender o rojão que matou o cinegrafista da Band conversa com seu advogado no aeroporto de Salvador - Reprodução/TV Globo
Suspeito de acender o rojão que matou o cinegrafista da Band conversa com seu advogado no aeroporto de Salvador Imagem: Reprodução/TV Globo

Do UOL, no Rio

12/02/2014 13h58

O suspeito de acender o rojão que matou o cinegrafista da "Band" Santiago Ilídio Andrade, Caio Silva de Souza, 23, disse que teve medo de que o matassem. O jovem conversou com a “TV Globo”, depois que foi preso na madrugada de quarta-feira (12) em Feira de Santana (BA), a 100 km de Salvador.

PRINCIPAL SUSPEITO

  • Reprodução/TV Brasil

    Imagens da "TV Brasil" mostram um homem de camisa cinza e calça jeans correndo pela Central do Brasil. Para a Polícia Civil, ele foi o responsável por acender o rojão

“Eu fiquei com medo de me matarem. A verdade é essa”, afirmou. Quando perguntado quem poderia matá-lo, o suspeito disse apenas “pessoas envolvidas nas manifestações”.

Na entrevista, ele disse ter acendido o rojão que atingiu o cinegrafista pensando se tratar de um "cabeção de nego". Souza disse ainda que alguns jovens são convocados para manifestações e outros não. “Isso a polícia tem que investigar", afirmou quando indagado por quem os manifestantes seriam convocados.

À polícia, o suspeito se manteve em silêncio. Segundo o responsável pela investigação, delegado Maurício Luciano da 17ª DP (São Cristóvão), o jovem não admitiu ter soltado o rojão. "O Caio, assim que foi preso, não esboçou reação. Disse que não falaria a respeito do fato. Agora, sendo ouvido na delegacia manteve esse posicionamento. O Caio não admitiu nem negou o que lhe é atribuído", afirmou. "Mesmo sem confissão, as provas são contundentes."

O jovem foi preso na madrugada desta quarta-feira, a cerca de 100 quilômetros de Salvador. Souza estava em uma pousada e, segundo o recepcionista Hergleidson de Jesus Moreira, deu entrada na tarde da terça-feira (11) com o nome de Vinícius Marcos de Castro, pagando uma diária. Durante entrevista coletiva, o delegado responsável pelo caso, Maurício Luciano, da 17ª DP (São Cristóvão), disse não saber se o auxiliar de serviços gerais usou nome falso durante a fuga.

De acordo com o delegado, a polícia ficou sabendo na segunda-feira, por meio dos canais de inteligência, que Caio saiu do Rio de Janeiro com destino a uma cidade do Nordeste. "Pedi a uma equipe minha que fosse à Rodoviária Novo Rio [na capital fluminense] e confirmamos que ele havia comprado, na segunda pela manhã, uma passagem com destino a Ipu, no Ceará (onde moram avós paternos). A partir daí, iniciamos um trabalho de monitoramento", afirmou o titular da 17ª DP.

O delegado disse que o suspeito tem um jeito de ser na vida particular e outro quando está em grupo. Luciano acompanhou Souza no voo que o levou de Salvador para o Rio de Janeiro.

Veja as últimas imagens feitas por cinegrafista da Band

"Ele é um cara tranquilo, cumprimenta a todos. No trabalho ficaram surpresos [com o envolvimento dele]. Caio na vida particular, sozinho, tem um jeito", afirmou. "Sob efeito da multidão se transforma e passa a agir de forma extremamente violenta."

Segundo o advogado Jonas Tadeu, que representa Souza, o jovem estava indo para a casa do avô, no Ceará, foi convencido a interromper a viagem e desceu do ônibus em Feira de Santana. Em entrevista à "TV Globo", Jonas Tadeu afirmou não considerar que houve uma fuga e, sim, uma apresentação.

O chefe da Polícia Civil, Fernando Veloso, afirmou que o inquérito será entregue à Justiça na próxima sexta-feira (14). "Há uma ordem de prisão cautelar expedida para o Caio Silva de Souza", disse. "Chegamos ao Caio via advogado. A diferença entre parar de fugir ou se entregar só o juiz vai avaliar."

Veja o momento em que o cinegrafista é atingido por bomba

Cunho político

Ao comentar a prisão do segundo envolvido na explosão do rojão, o governador Sérgio Cabral (PMDB) disse que "esses dois jovens estão inseridos em um contexto maior" que envolve partidos políticos e organizações.

"Há partidos políticos e organizações embutidos nessas ações (de violência que ocorrem durante manifestações). Essas questões não devem ficar camufladas, é preciso tirar a máscara. A dimensão mais grave é que envolveu a vida de uma pessoa", afirmou Cabral, sem citar nomes. "Esses dois jovens fazem parte de uma concepção de desprezo do institucional, do legal, do democrático. Há grupos e segmentos de partidos políticos que desprezam o processo democrático, as instituições, a economia de mercado. Esses dois jovens estão inseridos em contexto maior, são ações que se complementam."