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Desalojados de ocupação no Rio querem aluguel social e casa própria

Centenas de manifestantes retirados do prédio da Oi, no Engenho Novo, acamparam diante da Prefeitura do Rio - Tânia Rêgo/Agencia Brasil
Centenas de manifestantes retirados do prédio da Oi, no Engenho Novo, acamparam diante da Prefeitura do Rio Imagem: Tânia Rêgo/Agencia Brasil

Henrique Coelho

Do UOL, no Rio de Janeiro

14/04/2014 20h51

Debaixo da chuva que castigou o Rio de Janeiro durante toda a segunda-feira (14), os desalojados da ocupação de prédio da Oi aceitaram terminar o acampamento de protesto que faziam, desde a última sexta-feira (11), em frente à prefeitura do Rio de Janeiro, em troca de serem incluídos em um cadastro para ganharem aluguel social e futuramente participarem de programas habitacionais. A decisão foi tomada após reunião entre lideranças dos desalojados e membros da prefeitura, com a participação da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

“Estamos confiantes. Fizemos exigências e eles atenderam. Está escrito aqui no papel. Amanhã (15) eles vão dar [o documento] assinado pelo vice-prefeito [Adilson Pires] e o pessoal da Secretaria de Habitação. Sem o cadastro, não tem como caminhar. Vai vir o aluguel social, mas com a garantia de que não vão ser só três meses de enganação. Vai ser por tempo indeterminado, até sair a moradia do povo”, disse a líder social Francisca Trajano de Lima, que representou a comunidade do Rato Molhado, que fica em frente ao prédio abandonado da Oi.
 
A maioria dos 3 mil acampados não conseguiu ser cadastrada nesta segunda e recebeu senhas para atendimento nesta terça-feira (15), pela manhã e à tarde, em quatro sedes do Centro de Referência de Assistência Social(Cras) na zona norte: Cachambi, Méier, Lins de Vasconcelos e Manguinhos.
 
"A gente não entendeu nada até agora. Nos deram uma senha para voltarmos amanhã e não sabemos se é Minha Casa, Minha Vida ou Aluguel Social. Está tudo muito confuso ainda", afirmou Maristela Menezes, 34, uma das moradoras da favela da antiga Telerj Comunicações. 
 
"Isso na minha opinião é uma estratégia para desmobilizar o acampamento em frente à prefeitura", disse Elisângela Mattos,  29. 
 

Durante todo o dia, o clima foi tenso em frente à sede da prefeitura do Rio. Um confronto entre manifestantes e policiais acabou fechando duas pistas da Avenida presidente Vargas, além de causar ferimentos a um guarda municipal e a prisão de Rafael Rosa, acusado de portar maconha, agressão contra guarda municipal e resistência à prisão.
 
Para o líder comunitário Rodrigo Moreira, de Manguinhos, a iniciativa da prefeitura, de cadastrar os moradores, é apenas o primeiro passo. “Em princípio, todas as famílias serão cadastradas. Amanhã será outro passo. Queremos habitação. Quem não tem onde morar, que está na rua, vai para um abrigo. Vamos todos nos cadastrar”, disse ele.

O integrante da Comissão dos Direitos Humanos da OAB, Rodrigo Mondego, acompanhou a reunião e disse esperar que as autoridades municipais honrem a palavra empenhada. “Eles colocaram no papel que iriam avaliar [a situação], então nós esperamos que isso aconteça. Eles disseram que, com esse cadastro, poderão propor uma política pública [de habitação]. Então nós esperamos que eles cumpram e garantam esse direito humano fundamental, que é o direito à moradia. A prefeitura do Rio de Janeiro deu a palavra dela, que iria assistir quem necessitasse. Fomos testemunhas da palavra empenhada”, disse Mondego.

O prédio abandonado da Oi, no bairro do Engenho Novo, foi ocupado durante 11 dias por milhares de pessoas, vindas de diferentes comunidades. Entre elas, um ponto em comum é a busca da casa própria, pois a maioria não suporta mais pagar o preço dos aluguéis nas favelas, que praticamente dobraram de valor nos dois últimos anos. (com informações da Agência Brasil)