Topo

Após um mês, polícia ainda não sabe quem atropelou e matou vendedor no Rio

Fabrício Rocha da Silva morreu atropelado na Baixada Fluminense; inquérito está incompleto - Reprodução/Facebook
Fabrício Rocha da Silva morreu atropelado na Baixada Fluminense; inquérito está incompleto Imagem: Reprodução/Facebook

Maria Luisa de Melo

Do UOL, no Rio

23/04/2014 06h00

O que era para ser uma noite de alegria tornou-se o pior dia na vida da família do vendedor Fabrício Rocha da Silva. Quando ele voltava de um chá de bebê na casa de parentes, em Belford Roxo (na Baixada Fluminense), na madrugada do dia 23 de março, ele e seu irmão, Luciano Rocha da Silva, foram atropelados por um ônibus que faz o trajeto Belford Roxo - Central do Brasil.

Luciano ficou ferido, mas sobreviveu. Já Fabrício não teve a mesma sorte. Com vários órgãos dilacerados, morreu ainda no local do acidente. O motorista fugiu sem prestar socorro. E, passado um mês do crime, ainda não foi identificado pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.

"Nós dois estávamos esperando o ônibus, que de repente surgiu numa velocidade muito alta. Na hora de fazer uma curva, atropelou nós dois. Eu fui atingido nos braços, caí e desmaiei. Quando acordei, vi o Fabrício botando sangue pela boca. Foi aí que me dei conta de que ele já estava morto e acabei desmaiando de novo", conta Luciano, que é gerente de um bar na Baixada Fluminense.

O caso foi registrado na 54ª DP (Belford Roxo), mas não há informações sobre o motorista do coletivo, que fugiu sem prestar socorro. A demora nas investigações revolta familiares.

"É uma sensação de impotência sem fim. O meu irmão tornou-se apenas mais um caso que entrou para as estatísticas. As empresas de ônibus têm um poder muito grande de ocultar esse tipo de ocorrência. A própria empresa deveria ter punido o motorista. Além disso, naquela madrugada do atropelamento, uma viatura da PM passou a três metros do corpo do meu irmão. Eu e outras pessoas pedimos ajuda, mas fomos ignorados. Tenho certeza de que, se não fizermos uma investigação por nossa conta, a morte do Fabrício vai ficar impune", desabafa Luciano.

O gerente relembra ainda que o irmão tinha o sonho de comprar uma casa própria e se mudar da comunidade Tijuquinha, no Itanhangá (zona oeste da capital fluminense), onde vivia com os pais.

"Meu irmão estava namorando, feliz, trabalhando para ter uma casa própria. De repente foi morto por um inconsequente e ficou tudo por isso mesmo", queixa-se.

Procurado pela reportagem do UOL, o delegado titular da 54ª DP (Belford Roxo), Luiz Henrique Ferreira Guimarães, informou que o inquérito número 2.586/2014 não cita nenhuma testemunha e isso dificulta as investigações.

"O boletim de ocorrência só diz que quando a polícia encontrou o corpo não havia testemunha no local. Segundo o depoimento de um dos PMs, a vítima tinha muitas marcas de sangue e de pneu. Desconhecemos a informação de que o irmão da vítima tenha sido uma testemunha do caso. Por isso, é importante a família vir à delegacia o mais rápido possível, porque o inquérito não diz nem que o atropelamento envolve um ônibus”, disse o delegado.

Familiares, no entanto, contam que já estiveram na distrital no último dia 12 pedindo correções no boletim de ocorrência. O atendimento, no entanto, foi feito por um delegado adjunto que estava de plantão. Comunicado sobre o contato de familiares, Guimarães disse que vai apurar porque o inquérito não foi atualizado.

Além disso, imagens de câmeras de segurança de um posto de gasolina próximo ao local do acidente foram pedidas por investigadores da 54ª DP (Belford Roxo) e a polícia aguarda resultado de laudo do IML (Instituto Médico Legal) com informações sobre a causa da morte de Fabrício.

A investigação tem prazo de 30 dias para ser concluída, mas pode ser prorrogada por mais um mês. Ainda segundo informações da Polícia Civil, o caso está sendo investigado como homicídio culposo na direção de veiculo automotor.

A reportagem do UOL também entrou em contato com a empresa Caravele e com a Fetranspor (Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro). Na empresa, nenhum responsável foi encontrado. Já a Fetranspor não respondeu às solicitações.