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Publicitário testemunha espancamento e não consegue falar com a PM em SP

Gil Alessi

Do UOL, em São Paulo

09/05/2014 06h00

O publicitário Bruno Pompeu, 32, estava na varanda de seu prédio na região central de São Paulo quando testemunhou na noite de quarta-feira (7) uma pessoa sendo espancada na rua Frei Caneca. “Foi horrível.  Moradores de prédios vizinhos começaram a gritar ‘mata, mata!’, outros falavam ‘é ladrão!’, enquanto a pessoa imobilizada era agredida com pontapés", diz.

"Na hora me lembrei do linchamento da dona de casa no Guarujá”, afirmou, referindo-se ao caso da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, 33, foi linchada por moradores do bairro Morrinhos, em Guarujá (SP), após ter sido confundida com uma acusada de sequestrar crianças para rituais de magia negra, que teve seu retrato falado divulgado em redes sociais.

De acordo com Bruno, uma pessoa foi perseguida por outras, derrubada no chão, imobilizada e agredida. “Fiquei com uma sensação ruim. É uma situação horrível. Eu já fui roubado na rua e a vontade de ser vingado existe, ainda mais num país com tanta impunidade. Mas não é bom achar que matar pessoas é correto”, afirmou.

O publicitário tentou acionar a polícia após ouvir pessoas incitando mais agressões. “Queria que eles viessem e impedissem um possível linchamento”, diz. Mas, ao discar 190, Bruno ouviu uma gravação dizendo que a ligação para a Polícia Militar havia sido completada, e ninguém atendeu. “Liguei várias vezes e não consegui falar com um atendente”, diz.

A reportagem do UOL tentou entrar em contato com a PM no número 190 nesta quinta-feira (7). Passou um minuto e meio de espera antes de conseguir ser atendida.

Depois de 15 minutos que o suposto assaltante tinha sido imobilizado, um carro da polícia chegou ao local.  
  
“E o pior é que aqui no meu bairro já vi outras cenas do tipo”, afirmou.

Procurada pelo UOL, a assessoria de imprensa da PM disse que "o ideal, e objetivo da instituição, é o atendimento no primeiro toque". "Lamentamos a demora no atendimento ocorrida na quarta-feira, que se deu pelo acúmulo de chamadas ao sistema 190. É importante destacar que, nos últimos anos, houve um aumento considerável na quantidade diária de chamadas, sobrecarregando o sistema como um todo. Por isso, em determinados momentos, as chamadas podem enfrentar fila de espera."

A corporação diz que será inaugurado em breve um novo Centro de Operações (Copom) com uma capacidade maior de atendimento. Também informou que "está em andamento um processo licitatório para a terceirização do 190". "Com essas medidas, espera-se resolver os problemas apontados e aperfeiçoar o sistema, atingindo-se a meta de atendimento no primeiro toque", finaliza o comunicado.