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Gari que matou escrivã em delegacia queria escapar de acusação de estupro

A escrivã da Polícia Civil Loane Maranhão Silva Thé, 32, morta a facadas na quinta-feira (15) - Reprodução/Facebook
A escrivã da Polícia Civil Loane Maranhão Silva Thé, 32, morta a facadas na quinta-feira (15) Imagem: Reprodução/Facebook

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

16/05/2014 17h24

O gari Francisco Alves Costa, 43, autuado em flagrante por matar a facadas a escrivã da Polícia Civil Loane Maranhão Silva Thé, disse que atacou a jovem para se livrar da acusação de estupro e abuso sexual feita por suas filhas, de 17 e 20 anos, na Delegacia da Mulher da cidade de Caxias (a 361km de São Luís).

“Ele achou que matando a escrivã não seria mais acusado de abuso sexual, mas piorou a situação dele”, disse o delegado regional de Caxias, Celso Rocha.

Costa prestava depoimento na sala de cartório da Delegacia da Mulher quando puxou a faca que estava escondida na roupa e atacou a escrivã. Loane foi atingida por golpes no pescoço e no peito e morreu a caminho do Hospital Regional de Caxias, nessa quinta-feira (15).

Segundo o depoimento de Costa, prestado à polícia nesta sexta-feira (16), ele não teria ido à delegacia "com a intenção de assassinar ninguém" e disse que era costume sempre andar com uma faca escondida na roupa. 

Após matar a escrivã e golpear uma outra policial, Costa conseguiu fugir, mas foi preso próximo à rodoviária de Caxias, localizada no bairro Vila Lobão.

Costa está preso na delegacia regional de Caxias. Ele vai ser indiciado por homicídio duplamente qualificado.

Ataque que matou Loane feriu única colega que estava com ela na delegacia

Durante o depoimento de Costa, Loane estava sozinha na sala com ele e, no prédio da delegacia havia apenas uma investigadora, Marlene Almeida Moraes, que também foi esfaqueada ao tentar socorrer a colega.

Marlene levou facadas na região do abdômen, foi internada no Hospital Regional de Caxias, onde se submeteu a suturas nos cortes. Ela recebeu alta nesta sexta-feira e deverá na próxima semana prestar depoimento sobre o caso à polícia.

A polícia disse que o gari entrou armado na Delegacia da Mulher porque foi intimado e chegou por conta própria ao local.

“A explicação a isso tudo é que se ele tivesse sido conduzido pela polícia para prestar depoimento, ele teria sido revistado", afirmou Rocha. "Mas como ele entrou [sozinho] na delegacia, as agentes não imaginaram que ele estaria portando uma faca, e [por isso] ele não foi revistado”, disse o delegado.

Loane trabalhava na Delegacia da Mulher de Caxias há quatro anos e era natural de Teresina. O corpo dela foi velado na funerária na capital do Piauí durante toda esta sexta-feira.

O enterro, que deveria ter sido realizado na manhã de hoje, foi adiado e estava programado para ocorrer por das 17h, no cemitério Jardim da Ressurreição, em Teresina.

Em entrevista à emissora TV Meio Norte, o tio de Loane, Nazareno Thé, disse que a família vai processar o Estado do Maranhão, pois as condições de trabalho que ela se submetia não eram seguras -- no momento do ataque só estavam as duas agentes no plantão e nenhum policial do sexo masculino.

“Minha família está bastante abalada. Ela era uma pessoa muito estudiosa, que estava começando sua carreira. Vou acompanhar de perto toda a investigação e vamos atrás de Justiça. Lá em Pedrinhas [Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luís] ele [Francisco Costa] vai ter muito tempo pra pensar, pra refletir no que ele fez, lá ele vai ver", afirmou o tio da escrivã.