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Após 8 dias parados, ônibus voltam a circular em São Luís; greve continua

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

04/06/2014 11h42

A greve dos rodoviários de São Luís continua, mas os trabalhadores decidiram levar 70% da frota às ruas nesta quarta-feira (4).

Após oito dias com 100% dos ônibus parados na capital maranhense, os rodoviários resolveram cumprir a determinação do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) sobre a permanência de 70% da frota nas ruas para minimizar os problemas da falta de transporte.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários do Maranhão, Gilson Coimbra, esclareceu que a frota que está circulando em São Luís neste período de greve é composta por 564 ônibus. “Nós nos reunimos com a prefeitura e nos pediram para que a frota mínima entrasse em circulação, mas estamos trabalhando com a frota real, que é de 70% de 806 veículos”, disse. 

Dados da SMTT (Secretaria Municipal de Transporte e Trânsito) registram que a frota é composta por 840 veículos. Os dados também foram confirmados pelo SET (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros). Os grevistas tiram da conta ônibus quebrados e reservas, daí a diferença no cálculo.

A greve, que começou em 22 de maio, afetou 700 mil pessoas por dia. Os passageiros tiveram de usar transporte clandestino para se locomover.

Os trabalhadores pedem o reajuste de 9% nos salários. A categoria queria inicialmente 16%, mas baixou para 11% e, nesta semana, informou que os rodoviários aceitam um reajuste menor ainda: de 9%.

Além do reajuste salarial, os grevistas querem aumento de 40% do valor do vale-alimentação, que ficaria em R$ 500, inclusão de um dependente no plano de saúde, implantação do plano odontológico e redução da carga horária de 7h20/dia para 6h/dia.

Até agora, a classe patronal não apresentou nenhuma contraproposta e alega que isso só seria possível se a prefeitura liberasse o reajuste do valor da tarifa, de R$ 2,10 para R$ 2,70. A prefeitura negou o reajuste, mas estabeleceu ações para recuperar as perdas do setor. Segundo os empresários, a área teve um deficit de R$ 8 milhões.

Nesta terça-feira (3), o MPE (Ministério Público Estadual) ajuizou a execução de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) contra a prefeitura cobrando o pagamento, no prazo de 24 horas, de R$ 7,4 milhões para ser repassado para o SET. O pagamento é referente às perdas das empresas de ônibus devido à falta de ações para combater fraudes nas passagens de ônibus.

A prefeitura teria prazo até o dia 30 de novembro do ano passado para ter contratado a bilhetagem automática, incluindo os módulos de biometria e Bilhete Único, para combater fraudes nas passagens.

O MPE também pediu que a Justiça determine a imediata formulação de plano de ação para implementar melhorias no transporte público, além do processo de licitação das empresas que operam em São Luís.

“Todo o esforço deverá garantir a renovação da frota, bilhetagem eletrônica e um sistema de transporte que sirva a população de forma eficiente”, destacou a promotora de Justiça Lítia Cavalcanti.

A Prefeitura de São Luís, comandada por Edivaldo Holanda Júnior (PTC), informou que as medidas já fazem parte da proposta que foram dadas aos empresários para que não haja aumento na passagem de ônibus e acabe o impasse entre rodoviários e a classe patronal. As medidas deverão ser implantadas num prazo de 90 dias.

Segundo a prefeitura, o uso irregular de carteira estudantil por pessoas que não têm direito à meia-passagem dá prejuízo de mais R$ 1 milhão por mês ao setor.

Ontem, os jornais maranhenses amanheceram com anúncios do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de São Luís (SET) convocando motoristas e cobradores a voltar ao trabalho por força da ordem judicial, que considerou a greve dos rodoviários ilegal.