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Acaba reconstituição de morte de zelador; acusado mantém versão de acidente

Gil Alessi

Do UOL, em São Paulo

11/06/2014 16h46Atualizada em 11/06/2014 16h46

Após cinco horas e meia, terminou a reconstituição do assassinato do zelador Jezi de Souza, 63, morto no dia 30 de maio em um prédio da rua Zanzibar, na zona norte de São Paulo.

Os dois suspeitos do crime, Ieda Cristina e Eduardo Martins, chegaram ao local por volta das 11h30 e partiram às 16h30 desta quarta-feira (11) em carros de polícia separados.

Segundo a delegada Silvia Fagundes Teodoro, que comanda o inquérito, Eduardo manteve a versão segundo a qual Jezi teria morrido ao bater a cabeça em um batente após os dois terem discutido.

"A acareação foi útil para que ficassem evidentes algumas controvérsias com relação aos depoimentos", afirmou a delegada, que não quis especificar quais divergências eram essas.

A reconstituição foi feita para esclarecer como foi o confronto entre Eduardo e Jezi, que teria acontecido no hall de entrada do apartamento do casal e os procedimentos tomados para colocar o corpo do zelador dentro da mala e levá-lo até o carro de Eduardo.

Também serviu para ajudar a polícia a esclarecer duas contradições dadas em depoimento do casal. A primeira divergência do casal diz respeito à ida a uma igreja no Imirim para fazer uma doação de roupas. O circuito interno do condomínio mostra que a mulher do suspeito ajudou a levar malas e sacos para o carro da família. Ela afirma que não sabia que havia um corpo na bagagem e pensava que o marido estava levando roupas para doação.

Ieda afirmou em depoimento à polícia que os dois desistiram no meio do caminho em função do trânsito, enquanto Eduardo disse que eles chegaram ao local e que o tempo estava fechado.

Outro ponto a ser esclarecido tratava de uma contradição temporal. Eduardo diz que, após a mulher buscar o filho na escola, localizada em frente ao prédio, ela teria voltado ao apartamento e ficado quase meia hora no local antes que a família fosse para Praia Grande. Segundo Ieda, não teria passado mais de um minuto antes que eles fossem para o litoral.

"A reconstituição também foi importante para checarmos as rotinas, os passos, horários e locais citados pelos dois. Agora é preciso aguardar os laudos dos exames periciais", disse a delegada.

O casal chegou para a reconstituição sob gritos de assassinos de vizinhos e pessoas que acompanhavam o procedimento da polícia. Também pediram que os dois fossem linchados.

O crime

Imagens do circuito interno do edifício registram os últimos momentos em vida do zelador. No elevador, ele se preparava para entregar correspondências nos apartamentos. Eduardo, que mora no 11º andar, disse à polícia que discutiu e brigou com o zelador naquela tarde e que a vítima morreu ao bater a cabeça no batente de uma porta.

Segundo relatos do próprio publicitário e da família do zelador, eles discutiam com frequência por motivos banais, como a entrega de jornais e vagas na garagem do prédio.

O zelador havia registrado no livro interno de ocorrências do condomínio um relato de ameaça feita pelo publicitário.

Outra acusação

O advogado Robson Lopes de Souza, que representa a família do zelador, afirmou esperar que "a reconstituição deste crime ajude a solucionar o assassinato do Rio de Janeiro", referindo-se a outro crime do qual o casal é suspeito.

"Com a reconstituição, vamos derrubar várias hipóteses absurdas [sobre o crime] que têm sido levantadas", afirmou, sem citar quais seriam essas possibilidades.

Lopes chegou por volta das 10h30 para participar da reconstituição. Segundo ele, a família da vítima tem acompanhado as investigações, mas não deve se pronunciar sobre o caso hoje.