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Casal é indiciado por morte de criança de seis anos que urinava na cama

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

09/07/2014 16h30

A Polícia Civil de Minas Gerais indiciou um casal de lavradores por homicídio duplamente qualificado pela morte de uma criança de seis anos em Santa Bárbara do Leste (365 km de Belo Horizonte). Segundo o inquérito, laudo comprovou que a criança morreu por asfixia mecânica.

Outras duas crianças, de três e quatro anos e que são irmãs do menino morto, também foram encontradas com sinais de chibatadas pelo corpo. À polícia, a mulher, que é mãe dos menores, e o companheiro dela teriam dito que as crianças urinava e defecavam na cama onde dormiam e ainda eram desobedientes, o que irritava o casal. Os dois estão presos e assumiram os crimes, informou a polícia.

De acordo com o delegado Luiz Eduardo Moura Gomes, da cidade de Caratinga (315 km de Belo Horizonte), a conclusão do inquérito foi enviada terça-feira (8) à Justiça.

Conforme o policial, além do crime de homicídio, os dois foram indiciados pelo crime de tortura, agravado por ter sido praticado contra crianças, e ocultação de cadáver. Caso sejam condenados, os suspeitos podem pegar uma pena de 90 anos de prisão, disse o policial.

“Houve uma reviravolta com a conclusão do laudo. Inicialmente, a gente acreditava que as agressões poderiam ter causado o óbito. No entanto, com a divulgação do laudo, ficou claro que eles tiveram a intenção de matar o menino. Isso piora e muito a pena prevista para os crimes”, disse.

O delegado afirmou que o casal foi transferido do presídio de Caratinga por questões de segurança, pois o homem chegou a ser agredido por companheiros de cela. O UOL não conseguiu identificar advogados do casal para ouvir a versão da defesa.

Relembre o caso

Segundo a Polícia Civil, as agressões feitas contra os menores eram recorrentes.  O suspeito se relacionava com a mãe das crianças havia apenas um mês.

O responsável pelo inquérito disse que inicialmente os suspeitos chamaram parentes do pai das crianças, já falecido, para relatar a eles que o menino mais velho havia fugido de casa durante o fim de semana, de 28 e 29 de junho. No entanto, essa atitude, conforme o policial, foi uma maneira de tentar encobrir a causa da morte da criança.

Desconfiada da ausência dos demais sobrinhos, uma tia invadiu a casa e localizou as crianças deitadas na cama embaixo de cobertas. Os parentes do pai biológico acionaram a Polícia Militar.

"Ela [tia] tirou as cobertas e se espantou com os vários ferimentos que as crianças apresentavam. Uma tinha queimadura feita por óleo quente na face. Elas tinham muitas marcas de chicotadas pelo corpo inteiro", contou o delegado. "As nádegas não tinham mais pele."

As duas crianças mais novas foram levadas para um hospital de Caratinga, mas não correm risco de morrer.

"O casal sabia o que estava fazendo, sabia o que causava nas crianças e sabia que o menino estava morto. Ele, inclusive apresentava as mesmas lesões encontradas nos irmãos", afirmou Gomes.

Segundo o delegado, em um primeiro momento, o homem e a mulher não assumiram a autoria do crime, mas depois teriam confessado.

"Os vizinhos disseram que nunca tinham visto nada de anormal. E a primeira versão apresentada pelo casal foi que as crianças caíram de uma pedra. Em relação à queimadura, disseram que o menino tinha puxado uma panela do fogão contendo óleo", declarou o delegado.

O delegado disse que uma filha do suspeito, de 11 anos de idade, também morava com a família, mas não apresentava nenhuma lesão. A prisão em flagrante do casal foi convertida em preventiva pela Justiça.