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Assistente social diz que injeção dada por madrasta matou Bernardo

Do UOL, em São Paulo

20/07/2014 22h03

Em um vídeo gravado pela polícia e divulgado pela TV Globo neste domingo (20), a assistente social Edelvania Wirganovicz, 40, acusada de envolvimento no assassinato do menino Bernardo Boldrini, 11, na região noroeste do Rio Grande do Sul, confessa que uma injeção dada pela madrasta, Graciele Ugolini, 32, provocou a morte do garoto.

Caso Bernardo: amiga de madrasta dá detalhes do assassinato

Edelvania assume que Graciele decidiu assassinar Bernardo porque não suportava mais conviver com o menino. "Ele era muito difícil e agitado... Um guri que não tinha como conviver, muito rebelde... E a vida dela era um inferno", disse.

A assistente social afirmou que recebeu R$ 6.000 em dinheiro para "só cavar um buraco e enterrar o corpo". "Paguei a prestação do meu apartamento porque estavam me cobrando. Eu não tinha dinheiro e acabei sendo fraca".

Questionada sobre a possibilidade de o crime ter sido motivado por questões financeiras, a assistente social declarou que "se ela [Graciele] não desse um fim nele agora, quando fizesse 18 anos ele ia destruir tudo que eles tinham".

Madrasta nega e diz que foi "por acidente"

Em depoimento à polícia, a madrasta disse que não teve intenção de matar Bernardo e que tudo aconteceu “por acidente” quando deu calmantes para o menino porque ele estava agitado.

“De repente vi que ele começou a babar. Chamei, sacudi e nada. Aí comentei com a Edivania: acho que dei muito remédio pra esse guri."

Graciele diz que não procurou ajuda médica ou a polícia porque o garoto já estava morto. "Na verdade ele não tinha mais pulso. Eu sou enfermeira, eu conheço", disse.

“Fiquei tão desesperada que eu só queria consumir o corpo. Não fiz por querer... nunca quis... não era a intenção”.

Em maio, Leandro Boldrini, 38, pai do menino, a madrasta Graciele e a assistente social Edelvânia foram indiciados por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e todos por ocultação de cadáver. Leandro foi denunciado, ainda, por falsidade ideológica.

Um quarto suspeito de envolvimento no assassinato foi indiciado pela polícia em junho. Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia, foi indiciado por homicídio simples e ocultação de cadáver. Seu indiciamento é simples porque, conforme a apuração, ele não atingiu nenhuma qualificadora, como motivo torpe e dificuldade de defesa da vítima, como os demais.

O que mais pesou contra ele foram o depoimento de um policial aposentado que viu o carro do suspeito próximo ao local em que Bernardo foi encontrado e a análise de seu depoimento pelo detector de mentiras. O equipamento apontou irregularidades quando Evandro falou da feitura do buraco e do fato de ele saber da morte de alguém.

Os policiais acreditam que a herança deixada pela mãe do menino --parte do patrimônio de Leandro-- depois de sua morte, um suicídio praticado em 2010, seja a principal hipótese. Com base nas investigações policiais, o MP fez a denúncia e a Justiça aceitou.

Desde o fim de 2013, Conselho Tutelar e Promotoria da Criança e do Adolescente de Três Passos já eram cientes do abandono afetivo de Bernardo por parte do pai e da madrasta. Depois de sua morte, relatos de que ele era agredido por Graciele chegam de pessoas próximas ao casal e de vizinhos.