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MP apura adulteração de carro usado por PMs suspeitos de matar menor no Rio

Do UOL, no Rio

25/07/2014 15h32

O MP-RJ (Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro) informou nesta sexta-feira (25) que vai cobrar explicações da Polícia Militar a respeito de alterações feitas no veículo utilizado pelos cabos Fábio Magalhães e Vinícius Lima, suspeitos de assassinar um menor de 14 anos no alto da Estrada do Sumaré, no Rio Comprido, zona norte da cidade, no dia 11 de junho.

Três jovens foram conduzidos pelos cabos para o alto da estrada do Sumaré no dia 11 de junho. Eles eram suspeitos de cometer assaltos no centro do Rio. O corpo de Mateus Alves foi encontrado cinco dias depois em um matagal próximo ao local da suposta execução, o que início à investigação da Polícia Civil. Os PMs foram presos no dia 17 de junho.

De acordo com a promotora que atua junto ao 3º Tribunal do Júri, Carmen Eliza Bastos de Carvalho, uma nova perícia está sendo realizada no carro. Após o resultado, ela pretende avaliar "a responsabilização de quem praticou" a adulteração, informou o MP, em nota. O veículo está no estacionamento da Divisão de Homicídios da Polícia Civil.

Segundo reportagem do jornal "Extra", foram arrancadas do carro a maçaneta da porta do motorista, as inscrições da PM no capô e a grade de proteção do motor. Além disso, o veículo não tem mais os faróis, um dos retrovisores, o giroscópio e o vidro do motorista.

O carro, placa LPY-4282, é um dos elementos que servem como prova no processo sobre a morte do menor. Foi a câmera instalada no painel que fundamentou a investigação da Polícia Civil e incriminou os cabos Magalhães e Lima.

Em nota, a Polícia Militar informou que o veículo chegou à Divisão de Homicídios no dia 17 de junho. Dois dias antes, na versão da PM, o carro estava em posse de uma empresa contratada para "renovação da frota". A corporação, porém, não entrou em detalhes sobre a adulteração. Já a Polícia Civil não se pronunciou sobre o assunto até o fechamento deste texto.

No dia 15 de julho, o veículo foi liberado pela Polícia Civil e retornou à garagem da mesma empresa, informou a Polícia Militar. Mas os investigadores e o Ministério Público solicitaram nova perícia e o veículo, mais uma vez, foi encaminhado para a sede da DH, onde se encontra atualmente.

Câmera de carro registrou ação

Um dos dois PMs afirmou, minutos antes de levá-los para o local da suposta execução, que iria "descarregar a arma um pouquinho". A afirmação foi gravada pela câmera do carro onde os cabos identificados como Lima e Magalhães trabalhavam no dia da morte de um dos adolescentes. As imagens foram divulgadas pelo "Fantástico", da TV Globo.

O vídeo mostra a perseguição a dois suspeitos de furto no centro da capital fluminense, seguida da captura dos dois e de mais um jovem. Em seguida, os PMs combinam de "ir lá pra cima" –em referência ao Morro do Sumaré—"descarregar a arma um pouquinho". Ao chegar ao morro, as imagens gravadas pela câmera do veículo são interrompidas, e o vídeo recomeça com os dois PMs dentro do carro, sem nenhum dos três adolescentes dentro.