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Polícia descarta laudo de empresa que culpou projeto por queda de viaduto

Carlos Eduardo Cherem

Do UOL, em Belo Horizonte

25/07/2014 19h11

A Polícia Civil de Minas Gerais descartou o relatório feito por uma equipe de engenheiros e calculistas contratados pela Cowan, empresa responsável pela construção do viaduto Batalha dos Guararapes, que caiu há 22 dias matando duas pessoas e ferindo 23 em Belo Horizonte, apontando falhas no projeto executivo do elevado para o desabamento.

Nesta sexta-feira (25), o delegado Hugo Silva, responsável pelas investigações, e o perito do Instituto de Criminalística de Minas Gerais Marco Antônio Paiva, disseram que o relatório da Cowan não será levado em consideração. Na véspera, a Consol, empresa responsável pelo projeto executivo do elevado, também refutou o relatório da construtora. 

Segundo Paiva, a polícia quer tirar suas próprias conclusões sobre o caso sem a influência das partes envolvidas.

“Esse laudo da Cowan não terá peso algum na conclusão da perícia da Polícia Civil”, afirmou o perito. Segundo ele, os trabalhos preliminares de perícia confirmam que o bloco do viaduto não suportou o peso e se rompeu.

Duas das dez estacas da estrutura afundaram junto com o pilar central. Porém, novas análises serão feitas pelos especialistas. Todos os cálculos do projeto executivo estão sendo refeitos.

“Só iremos conseguir chegar a uma conclusão quando escavarmos o entorno do pilar que afundou. A ideia é escavar aproximadamente 3, 5 metros de profundidade até chegar na cabeça das estacas fincadas nesse bloco”, afirmou.

Os peritos também irão quebrar o bloco para detectar a quantidade de aço usada na obra. O laudo da Cowan indicou a utilização de somente 10% da quantidade de aço necessária à estrutura do elevado.

A prefeitura e a Sudecap, que logo após logo após a divulgação do relatório da Cowan decidiram pela demolição imediata da alça do viaduto que ficou em pé, além da remoção dos moradores dos prédios vizinhos, acatando as conclusões do laudo, informaram que não iriam comentar as declarações da polícia. 

A Cowan afirmou no início da noite desta sexta-feira (25), por meio de nota, que “em função dos resultados da perícia contratada, a empresa se sentiu na obrigação de alertar os órgãos competentes sobre os riscos de queda da alça norte do viaduto, pois havia a possibilidade de liberação do tráfego no local”.

De acordo com a nota da Cowan, “a empresa reitera que executou a obra de acordo com as normas técnicas vigentes e seguiu o projeto executivo estrutural fornecido pela Sudecap”.

Inquérito já ouviu 53 pessoas

Segundo o delegado Silva, 53 pessoas já foram ouvidas no inquérito polícial, entre elas empregados da Cowan e da Consol.

Nenhum funcionário da prefeitura de Belo Horizonte e da Sudecap (Superintendência de Desenvolvimento da Capital), responsável pela fiscalização da obra, foi ouvido pela polícia. Ele explicou que esses funcionários serão consultados em breve.

“Todos os envolvidos na obra devem dar esclarecimentos. Inclusive, os responsáveis pela fiscalização”. O delegado explicou que as pessoas que forem consideradas culpadas pela tragédia irão responder por dois homicídios e 23 lesões corporais.