Polícia fecha clínica para dependentes em SP por maus-tratos a internos

A Polícia Civil e o Ministério Público fecharam uma clínica para dependentes químicos em Salto de Pirapora (a 110 km de São Paulo) na noite desta segunda-feira (18), depois de denúncias de agressão e maus-tratos aos 60 internos do local. Quatro pessoas foram presas.

O advogado dos parentes de um dos internos procurou o Ministério Público, que realizou a diligência. No local, as pessoas relataram que tinham sido internadas contra a própria vontade e mostravam as marcas das agressões pelo corpo. "Os casos de internação involuntária devem ser informados ao Ministério Público em um prazo de até 72 horas, o que não aconteceu em relação às pessoas desta clínica", explica o promotor Luís Fernando Guinsberg Pinto. "Quando isso acontece, o caso se configura como cárcere privado."

Uma mulher que estava na clínica havia cinco meses disse que apanhou várias vezes. "Os homens apanhavam com um pedaço de madeira, as mulheres levavam socos. Eu mesma já fui agredida várias vezes", revela, pedindo para não ser identificada. Ao todo, oito internos foram levados para a delegacia da cidade para prestar depoimento.

Outra pessoa que não quis ser identificada disse que a família não sabia o que estava acontecendo. "Eles falavam para os nossos parentes que a gente não podia receber visita por mau comportamento, mas era porque a gente estava apanhando", diz.

Todos os internos que tinham contato com os familiares foram entregues para a responsabilidade deles. Os outros foram levados para entidades de Sorocaba e Salto de Pirapora.

Um inquérito criminal já foi instaurado pela Polícia Civil para investigar o caso. Quatro pessoas - as duas sócias da clínica e duas funcionárias - foram presas em flagrante pelos crimes de maus-tratos, cárcere privado, tortura e associação criminosa. O dono da clínica ainda não foi encontrado para prestar esclarecimentos.